O projecto “Gestão de ameaças sectoriais múltiplas nos ecossistemas marinhos para alcançar um crescimento azul sustentável” foi apresentado durante um workshop que decorreu no auditório do Instituto do Mar, no Mindelo, e que contou com a participação de diversos actores do sector.
O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, que, juntamente com o Mike ministro do Mar, co-presidiu à cerimónia de abertura, alerta que se nada for feito, as consequências serão graves.
“Se as tendências actuais das ameaças e de pressão continuarem, o ambiente marinho do país poderá chegar a um ponto de inflexão e entrar em colapso”, atenta.
“Lacunas no ecossistema já estão aparecendo. Apesar da escassez de dados, existem algumas evidências que os stocks de peixe estão se esgotando rapidamente. Quiçá, tudo isso não constitui verdade. Mas é necessário montar um sistema que permita cada vez melhor gestão e monitorização para que nós possamos deixar para as gerações vindouras o mesmo potencial de exploração. Caso contrário, não estamos a cumprir o nosso papel”, alerta.
Gilberto Silva chama a atenção, igualmente, para o aumento populacional nas zonas costeiras, que intensifica a exploração dos recursos juntamente com o aumento da deposição de resíduos, pondo em risco a saúde dos ecossistemas marinhos e costeiros.
É neste sentido que surge o projecto que, de acordo com o documento apresentado pela Direcção Nacional do Ambiente (DNA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tem como objectivo fortalecer a capacidade sistémica e institucional para reduzir múltiplas ameaças a ecossistemas marinhos globalmente significativos e alcançar um crescimento azul sustentável em Cabo Verde. Também visa contribuir para apoiar o país na saída de uma situação em que os recursos marinhos são altamente vulneráveis à sobreexploração, degradação do habitat e mudanças climáticas, para uma situação de futuro em que esses recursos sejam geridos de uma forma sustentável.
Presente no acto, Maria Celeste Benchimol, que falou em nome do Escritório conjunto do PNUD, FNUAP e UNICEF, destaca a importância do projecto, que conta com o suporte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e com financiamento do Fundo Mundial para o Ambiente, no valor global de 3,7 milhões de dólares, a ser executado ao longo cinco anos.
“Este projecto vem promover uma melhor governação dos recursos marinhos e costeiros de Cabo Verde, através da conservação da biodiversidade, redução dos impactos de actividades económicas do ambiente e maximizando assim os benefícios económicos e sociais, em particular nas comunidades locais”, refere.
O projecto, do Ministério da Agricultura e Ambiente, executado pela Direcção Nacional do Ambiente, em coordenação com o Ministério do Mar, deve ser executado até 2026. A equipa vai ficar baseada em São Vicente.