Ulisses Correia e Silva destacou a qualidade das participações, passando em revista alguns das intervenções mais marcantes, entre as quais a do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres e a mensagem vídeo enviada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que compartilharam mensagens muito fortes, sobre a importância da paz, liberdade e democracia no mundo.
“Esta conferência conjugou várias valências. Não foram apenas discursos de líderes políticos. Tivemos representantes de think tanks, organizações não-governamentais, académicos, jovens e uma plateia muito diversificada. E assim é que se devem fazer, de facto, os debates sobre a democracia”, ressaltou.
Um dos principais objectivos da conferência foi promover o debate e a protecção da democracia em um momento em que ela enfrenta desafios globais, como populismo e extremismo. Cabo Verde, ao sediar o evento, reforçou a sua posição como um defensor dos valores democráticos e como um membro activo da comunidade internacional, comprometido com a paz e o desenvolvimento.
Os valores finais do evento não são ainda conhecidos, sendo que se estabeleceu um tecto máximo de 55 mil contos para a sua organização, valor que tem sido contestado pela oposição.
Recusando-se a entrar em polémicas políticas, o PM, defendeu que o reconhecimento do sucesso deste evento e da capacidade do país se apresentar internacionalmente, mostra um retorno superior a “qualquer investimento que o Cabo Verde possa fazer”.
São, assim, debates necessários e que, ademais, posicionam Cabo Verde na arena internacional com credibilidade, avaliou.
“Não é por acaso que o secretário-geral das Nações Unidas participou. Não é por acaso que várias outras entidades representativas do mundo participaram nesta conferência. É porque vêem a sua utilidade”, frisou.
Quanto às queixas, por parte da oposição, de que não terá sido convidada a participar no evento, o PM negou as acusações, garantindo que todos os deputados e presidentes das câmaras municipais foram convidados, tendo, inclusive, alguns marcado presença.
Porém, observou, a conferência não pretendia ser "uma réplica do Parlamento" ou cingir-se à democracia nacional.
"Nós não fizemos debate centrado na democracia cabo-verdiana. Fizemos um debate a partir de Cabo Verde, virado para o mundo, com a participação de entidades e representações dessas várias partes do globo", disse.
Declaração do Sal
A conferência internacional reuniu , como referido, participantes de vários continentes, para juntos debaterem questões essenciais para os caminhos e desafios da democracia e da liberdade. Dessas discussões resultou a Declaração do Sal, um documento que proclama um compromisso global em torno desses valores, fundamentais para a vida das pessoas.
A leitura da Declaração foi proferida pela Ministra de Estado, da Defesa Nacional, da Coesão Territorial e Ministra da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, Janine Lélis, no encerramento dos trabalhos, que durante dois dias envolveram mais de 20 oradores e cerca de 200 participantes.
Ao longo de 10 pontos, esta Declaração conjunta aborda questões fundamentais, que reflectem a convicção dos participantes sobre a importância da liberdade, democracia e boa governança para o desenvolvimento dos países e o bem-estar dos seus cidadãos.
Os temas vão desde o compromisso com a defesa dos direitos humanos universais até à necessidade de fortalecer instituições democráticas, passando, por exemplo, pela defesa de uma imprensa livre.
Com esta Declaração, assinada no Sal, vai ao encontro da vontade de Cabo Verde de se afirmar como uma ponte de influenciação positiva no concerto das Nações.