Jose Manuel Albares tem agendados encontros com o seu homólogo, Rui Figueiredo Soares, e com outras autoridades nacionais, e irá inteirar-se da situação das empresas espanholas presentes no país, que desenvolvem a sua actividade em sectores-chave como a pesca e o turismo.
Espanha considera Cabo Verde um "parceiro de referência" em África devido à estabilidade democrática e proximidade com as Canárias, disse o Governo de Madrid na véspera da visita.
A viagem ocorre dois meses depois de uma visita a Espanha do Presidente da República, José Maria Neves, que disse na altura esperar um reforço das relações bilaterais e revelou que o Governo de Madrid e os países da África Ocidental preparam uma cimeira para abordar temas como a segurança no Golfo da Guiné, migrações e apoio ao desenvolvimento da região.
Esta viagem visa "reforçar o compromisso de Espanha com África" e enquadra-se na "aposta de Espanha pelo desenvolvimento da África subsaariana e o Sahel", segundo o executivo de Madrid.
Espanha é o primeiro cliente e o segundo fornecedor de Cabo Verde dentro da União Europeia, além de ser o terceiro destino dos investimentos espanhóis na África subsaariana, com destaque para os sectores da pesca e do turismo.
Nesta visita, Albares vai manifestar "o interesse das empresas espanholas em aumentarem a sua actividade" em Cabo Verde, assim como pedir ao Governo de Cabo Verde a adesão à Aliança Internacional contra a Seca promovida por Espanha, à Associação Internacional de Dessalinização (IDRA) e à rede LGBTI (lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais).
Segundo o comunicado do Governo espanhol, a cooperação com Cabo Verde prevê mais de 10 milhões de euros para o período 2021-2024.
O Governo espanhol, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, apresentou em 2021 o plano "Foco África 2023", com o qual tenta marcar um ponto de viragem nas relações com o continente africano e diversificar a sua influência diplomática fora da Europa, tradicionalmente centrada na América Latina e no norte de África.
O “Foco África 2023” considera como “países âncora” Nigéria, Etiópia e África do Sul e, como “países prioritários”, os lusófonos Angola e Moçambique, além de Senegal, Costa do Marfim, Gana, Quénia e Tanzânia.
Em Abril, José Maria Neves disse em Madrid, após um encontro com Sánchez, que Espanha e os países da África Ocidental preparam uma cimeira para abordar temas como a segurança no Golfo da Guiné, migrações e apoio ao desenvolvimento da região.
Espanha está a lidar com um pico inédito de chegadas de migrantes, de forma irregular, às Canárias, sobretudo desde meados do ano passado.
O Governo espanhol atribui à instabilidade na região do Sahel este aumento dos números e tem promovido e defendido mais cooperação bilateral entre a União Europeia e países africanos de origem e trânsito de migrantes para responder a esta questão.
José Maria Neves lembrou, em Abril, que Espanha e Cabo Verde já têm um acordo bilateral na área da segurança para protecção das costas cabo-verdianas com patrulhas conjuntas "que tem sido muito bem-sucedido".
"Mas é possível alargar ainda mais essa cooperação", acrescentou, lembrando que existem acordos também com outros países da União Europeia como Portugal e com o Reino Unido.