Há já perto de três semanas que a equipa do projecto CONCHA de Portugal, constituída por 12 técnicos, entre arqueólogos, mergulhadores, antropólogos e engenheiros ambientais, encontra-se em Cabo Verde, onde já efectuou uma série de actividades, com destaque para os mergulhos em zonas de naufrágios, na cidade da Praia e em São Francisco.
“Até agora temos feito, basicamente, três tipos de acções: primeiro, alguns trabalhos de arqueologia subaquática, ou seja, voltar a alguns sítios que já se conheciam e procurar fazer o registo desses sítios, procurar tirar mais informações arqueológicas. Temos feito também arqueologia terreste na Cidade Velha, procurando uma abordagem diferente da usada até aqui; aquilo que estamos a trabalhar são habitações da população comum e não igrejas e monumentos como até aqui. E uma terceira linha de acção tem sido o trabalho no museu arqueológico, com inventário de materiais do acervo que já existe no museu”, explica André Teixeira, investigador da Universidade Nova de Lisboa e um dos integrantes da equipa visitante.
Sobre a formação que hoje se desenrola no Arquivo Nacional o técnico adianta que é especificamente sobre arqueologia subaquática, “uma área mais especializa e menos difundida da arqueologia”.
Em Novembro deste ano, o grupo de técnicos do IPC deslocar-se-à a Portugal onde irá permanecer por um período de um mês, para da continuidade à formação através de treinos de mergulhos e uso de outras ferramentas, nomeadamente um sistema de informação geográfica ligada a georreferenciação subaquática.
André Teixeira vê um enorme potencial de Cabo Verde nesse sector, dado ser um arquipélago e também pela sua história. “A ideia é desenvolver alguma formação nesse nível a partir daquela que é a nossa experiencia em Portugal. Cabo Verde tem um património extraordinário e excepcional no domínio marítimo, e tem um património mundial que já está classificado pela UNESCO”, refere.
Para o presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), esta parceria recente com a Universidade Nova no âmbito da Cátedra UNESCO abre outra porta “que são as vias de investigação que queremos aqui implementar. Com eles já temos sobre a mesa um outro projecto que é o Colóquio Luso-cabo-verdiano de História e Património”.
Presente no acto de abertura da formação destinada aos técnicos do Instituto do Património Cultural, Jair Fernandes lembra que a primeira meta do IPC continua a ser o reforço institucional e legal e dá como exemplo a criação, em Julho passado, da Comissão Nacional para a Preservação do Património Subaquático. Nesta linha, uma das acções de colaboração que os técnicos em visita estão a desenvolver com o IPC prende-se com a ratificação da Convenção Internacional do Património Subaquático de 2001.
Projecto da Cátedra UNESCO – O Património Cultural dos Oceanos, CONCHA elucida sobre “as diferentes formas pelas quais as cidades portuárias se desenvolveram em torno da borda do Atlântico no final do século XV e início do século XVI em relação aos diferentes ambientes ecológicos e económicos globais, regionais e locais”.
Cabo Verde integra o projecto através do Instituto do Património Cultural (IPC), juntamente com a Universidade Pablo de Olavide, Old Dominion University, Observatório do Mar dos Açores, (OMA) – Trinity College Dublin Global, Associação para as Ciências do Mar, Universidade do Norte Mar, Ambiente e Pesca Artesanal, Universidade Federal de Sergipe e Eveha International.
O financiamento global do projecto, integrado por 12 países/instituições, é de quase 900 mil euros, cabendo a Cabo Verde a fatia de 76 mil euros.