"O que tenho constatado, mas não comprovei ainda, é que morna enquanto dança está a passar para segundo plano", alertou Isabel Lobo à agência Lusa, na cidade da Praia, no âmbito de uma conferência para celebrar o dia internacional da música, que hoje se assinala.
Organizada pela Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM), a conferência aconteceu seis meses após o Governo cabo-verdiano ter entregado na UNESCO a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade.
Questionado sobre o porquê da perda de importância da dança da morna, a investigadora respondeu com a "evolução da sociedade", adiantando que não faz ideia se isso poderá afetar a candidatura, explicando que não conhece o dossiê.
De qualquer forma, pediu mais atenção a esse que é o género musical mais emblemático do país, bem como ao estudo de outras expressões culturais cabo-verdianas.
Descrita como um objeto com grande complexidade, a investigadora disse que a morna tem várias dimensões sociais, mas destacou quatro: a expressão sentimental ou lírica, a construção de discurso social, a origem e formação e a dimensão normativa e pedagógica.
Natural de Angola, Isabel Lobo licenciou-se em Filologia Românica, é mestre em Literatura brasileira e africana e doutorada em Ciências Sociais.
Residente em Cabo Verde desde 1986, tem feito investigação sobre a literatura e os processos literários e publicado vários artigos e outros trabalhos, muitos juntamente com autoras cabo-verdianos.
"A música cabo-verdiana" foi o tema desta primeira conferência organizada pela SCM.