"O Ministério da Cultura [de Cabo Verde] tem que promover a literatura cabo-verdiana no estrangeiro e não vai conseguir convencer editores se não lhes der um apoio financeiro", disse Germano Almeida, em Óbidos, onde foi homenageado pelo Folio - Festival Literário Internacional.
Sublinhado "a extrema importância destes festivais ", o escritor vencedor do Prémio Camões defendeu que se o Governo "quer dar a conhecer a literatura cabo-verdiana "deverá também "criar mais festivais" à semelhança do Morabeza, que este ano acontece em São Vicente.
Os festivais literários poderão, aliás, ser o mote do próximo livro do autor, que hoje admitiu ter na sua obra influências de autores portugueses como Eça de Queirós e José Saramago, mas também de sul-americanos como Jorge Amado e Gabriel Garcia Marquez.
Autor de mais de dezena e meia de livros, Germano de Almeida contou ter escrito a sua primeira obra publicada, "O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo" "em 15 dias", para oferecer de presente a uma amiga, Ana Cordeiro.
Entregue o presente, partiu dela a sugestão de que a obra" tinha de ser publicada", sugestão que acabou por resultar na criação da editora Ilhéu.
O livro que acabou por ir parar às mãos de Saramago, e através dele à editora Caminho, foi o ponto de partida para a edição em Portugal da vasta obra do autor que nunca relê nenhum dos seus livros e que confessa até esquecer-se deles.
Nas obras que começou a escrever aos 16 anos e que só começou a publicar depois dos 50, Germano Almeida diz estar presente "em todas as personagens".
Nascido em 1945, na ilha da Boa Vista e a viver atualmente no Mindelo, Germano Almeida é autor de obras como "A Ilha Fantástica", "Os Dois Irmãos" e "O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", tendo publicado este ano "O Fiel Defunto", pouco depois do anúncio da atribuição do Prémio Camões