Osmar Moreira caminha passo a passo para álbum de estreia

PorDulcina Mendes,17 mar 2019 8:58

Jovem artista encontrou a música tradicional em casa, mas depois apaixonou-se por outros estilos. Fez a sua primeira gravação em Portugal com o artista cabo-verdiano Hugo Pina e está neste momento com sete singles no mercado.

Quando regressou a Cabo Verde, encontrou-se com Dj Elvis, com quem começou a trabalhar e conseguiu lançar mais músicas. E hoje com sete singles no mercado, Osmar ambiciona lançar ainda este ano o seu primeiro álbum que será intitulado “Pasu a Pasu”.

Em Dezembro do ano passado (2018), com o artista Du Marthaz, lançou o tema “Sta di Odju Na Bo”, que está com mais de 3,5 mil visualizações. Entre os meses de Março e Abril, pretende lançar um novo tema, cujo videoclipe está a ser finalizado.

O artista conta que no lançamento da próxima música irá anunciar a chegada do álbum. “A minha ideia desde início era lançar um álbum, que é o sonho de qualquer artista. O meu disco ainda não tem data certa para estar no mercado, porque tenho que gravar mais singles”, afirma.

Osmar Moreira é neto do músico Bitori Nha Bibinha, um famoso tocador de gaita, que nos últimos tempos tem feito vários concertos pelo mundo. “No início acabamos por ter influência de músicas tradicionais, e sou de uma família de música tradicional muito conhecida em Cabo Verde, que é Bitori Nha Bibinha, o meu pai também canta”.

Com o tempo passou a gostar mais dos géneros musicais africanos como coupé-décalé, azonto e afro, que já está a ser abraçado por muitos artistas. “Isso é bom também. Em 2013, quando lançamos o primeiro tema, tínhamos muita dificuldade de ir a um show, porque era algo pouco aceite. Agora, as coisas mudaram, muitos artistas estão a trazer afro nos seus álbuns”.

“Pasu a Pasu”

“Pasu a Pasu”, será título do seu primeiro álbum. Escolheu esse título, conforme nos conta, porque tudo o que conquistou na vida foi passo a passo. “Esse tema relaciona-se com vários momentos da nossa vida. É cair, levantar e seguir em frente”.

“Quando lancei essa música muitas pessoas disseram-me que identificaram-se com o tema, acho que qualquer pessoa passa por momentos altos e baixos na vida, mas temos sempres que levar as coisas com muita calma”, assegura.

O artista afirma que algumas músicas que já lançou podem vir neste álbum. “Outros temas podem não constar no CD, porque sempre surgem novas músicas e novas ideias. Não quero um CD com muitas músicas”.

Mas vai trazer muitos temas com estilo afro e outros. “Estive no Senegal, que é um país onde esse estilo é muito forte.

Em relação à música tradicional, disse que o batuque é algo que vai cantar um dia, mas não sabe quando.

Além de cantar, Osmar que está a estudar Marketing, escreve as suas próprias músicas. “Neste momento, tenho estado a fazer as composições tanto para mim, como para outros artistas”.

Sendo neto de Bitori Nha Bibinha, Osmar disse que ele e o primo (Wilson Silva) sempre sentiram muita responsabilidade ao fazer música. “Nós escolhemos dois estilos diferentes. O Wilson por exemplo está mais voltado para world music e reggae e eu estou mais no world music e afro. Acho que tenho mais peso na cabeça, porque a cada música que lanço o meu pai faz críticas”.

Pois, o seu pai queria que ele seguisse a música tradicional, mas infelizmente Osmar não seguiu a paixão da família. “O meu pai queria que eu seguisse as músicas tradicionais, mas não segui esse caminho, mas ao ver o meu trabalho, ele aceitou porque ele sabe que estou a fazer algo que gosto”.

“O meu pai, há dois anos, quando as pessoas paravam -lhe na rua para falar sobre a minha música, a primeira coisa que dizia era que primeiro tenho que estudar e que não queria que eu seguisse o mundo da música. Mas agora, ele já percebeu que é isso que quero para a minha vida. Ele já está a ver as coisas de outra forma, e isso é muito bom. Estou a fazer aquilo que quero e a conseguir dar os meus passos no mundo da música”, destaca.

Por outro lado, disse que gravar música tradicional é diferente de gravar outros estilos musicais. “Para gravares músicas tradicionais precisas de um estúdio adequado para isso. As duas vezes que gravei com o Dj Elvis tínhamos uma guitarra, microfone, computador e escutador, o que não é uma exigência para quem está a gravar música tradicional”.

Mundo da música

Osmar está consciente de que o mundo da música não é fácil, ainda mais num país pequeno como o nosso, mas quer continuar nessa área.

“Quero continuar nesta área, já consegui algumas coisas que queria e o Dj Elvis, é uma das pessoas que me apoiou muito nisso. No início tinha muito medo, porque em Cabo Verde quando dizes que és músico as pessoas pensam que não fazes nada na vida”, assegura Osmar, dizendo que o seu objectivo é de fazer cada vez mais e melhor.

Outro desejo do jovem artista é de gravar uma música com o seu avô. “Pedi ao meu avô para fazermos uma música juntos que é uma mistura de afro com gaita, também gostaria de ter a participação do grupo Bulimundo”.

Para além do álbum, Osmar pretende também actuar em três festivais de música, mas disse que tudo irá depender das propostas que receber.

“Wilson Silva foi o primeiro artista que me levou para um palco que queria ir, que é o do Atlantic Music Expo (AME). O AME foi uma realização para mim, todos os anos traço alguns objectivos, e ano passado era de subir o palco do AME e consegui”, diz.

Além do AME, Osmar já actou em outros palcos como do Badja Ku Sol, da CidadeFest e da Noite Branca.

Texto originalmente publicado na edição impressa doexpresso das ilhasnº 902 de 13 de Março de 2019.

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Autoria:Dulcina Mendes,17 mar 2019 8:58

Editado porAndre Amaral  em  7 dez 2019 23:21

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