Segundo José Marques, presidente da Estrutura de Missão para as Comemorações do 5º centenário da primeira viagem circunavegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães, trata-se de uma oportunidade para reflectir colectivamente e estabelecer uma rede entre todos os territórios que foram tocados pela viagem de circunavegação.
“Sobretudo, para criarmos condições, 500 anos depois, para construirmos colectivamente conhecimento nas questões associadas às problemáticas, por exemplo, da sustentabilidade do planeta, às questões que têm sobretudo a ver com os oceanos”, afirmou.
Para José Marques, a exposição do Navio Sagres é a mais “ousada e extraordinária” exposição náutica da história da humanidade. Aquela que, prosseguiu, de alguma maneira veio revolucionar a concepção do mundo.
“Ou seja, a viagem não acontece por acaso. A viagem acontece porque se valorizou o conhecimento, se valorizou a ciência, a tecnologia, a inovação... Isso é que vem permitir o desenvolvimento desta exposição náutica, evidentemente com objectivos comerciais. Mas não deixa de ser uma exposição extraordinariamente ousada, sobretudo na época, com os meios e as condições que existiam”, disse.
É preciso conhecer, difundir, além do aspecto da leitura plural da história que é “extremamente importante”, conforme a mesma fonte, que ainda hoje inspira a ciência e a tecnologia.
“A NASA considera a viagem de circunavegação a primeira órbita ao planeta Terra e hoje Magalhães tem nome nas estrelas, nas sondas espaciais, ou seja, inspira-nos hoje não só a revisitar a história, mas sobretudo a aprender com ela e a projectarmos o futuro” argumenta José Marques para quem a viagem do navio Sagres se enquadra num contexto de celebração e de estabelecimentos de pontes colaborativas para o desenvolvimento de estratégias envolvendo os territórios, as universidades, as instituições, num espírito de cooperação e num espírito de construção colectiva para um mundo melhor.
Importância da mesa redonda
Por sua vez, para a reitora da Uni-CV, Judite Nascimento, a mesa redonda é importante para que os alunos possam conhecer “um pouco” do que foi a viagem de circunavegação de Fernão de Magalhães, pelo impacto que teve a nível mundial, que permitiu conhecer a ligação entre os oceanos, a diversidade humana e a biodiversidade existente no planeta.
“Como sabem, a Uni-CV integrou a rede das universidades magalhânicas há alguns anos. É um dos membros fundadores e como somos membros fundadores iremos desenvolver actividades de intercâmbio entre as universidades da rede. Os nossos estudantes e docentes terão oportunidade de visitar estas universidades e fazerem intercâmbio científico com elas. E é necessário que conheçam um pouco também daquilo que se faz nessas universidades”, informou.
Por outro lado, continuou Judite Nascimento, o mundo está na era de transição para a era da inteligência artificial, o que foi possível, graças àquilo que se descobriu com a ligação entre os oceanos, o conhecimento da verdadeira forma da terra e que permitiu revolucionar todas as ciências.
“Como universidade membro da rede é claro que temos interesse em também, aproveitando a viagem e a passagem do Navio Sagres, para permitir aos nossos estudantes visitarem esse navio e conhecerem um pouco o que é o navio-escola e quiçá aproveitarem também as vantagens de um dia, quem sabe, poderem beneficiar de uma formação a esse nível, caso escolham áreas de interesse também dessa área”, finalizou.
O navio-escola Sagres fez-se ao mar no 5 de Janeiro a partir do Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia, em Lisboa, vai passar por mais de 20 portos de 19 países diferentes. Depois da primeira paragem em Tenerife, seguiu para a Cidade da Praia (19 de Janeiro), e depois Rio de Janeiro, Brasil (10 de Fevereiro), Cidade do Cabo, África do Sul (27 de Março), Maputo (09 de Abril), Jacarta (29 de Maio), Tóquio (18 de Julho), Honolulu (Havai), nos Estados Unidos (27 de agosto) e Cartagena das Índias, Colômbia (05 de Dezembro).
Em 30 de Dezembro, o navio-escola Sagres chega a Portugal, mais precisamente, a Ponta Delgada, nos Açores, estando o regresso a Lisboa agendado para 10 de Janeiro de 2021.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 947 de 22 de Janeiro de 2020.