Gravações inéditas de B. Léza vão ser editadas em livro-disco

PorAntónio Monteiro,6 mar 2021 16:33

Trata-se de um conjunto de acetatos gravados em S.Vicente entre finais dos anos 1940 e princípios dos 1950. O livro-disco será lançado no mês de Dezembro por ocasião do segundo aniversário da classificação da morna como Património Imaterial da Humanidade.

As gravações caseiras, de acordo com o jornal Público, que traz a notícia em primeira mão, foram feitas entre finais de 1940 e princípios da década de 50 do século passado por Augusto Guilherme Lima de Melo, conhecido no meio mindelense por Tuta Melo.

Segundo o mesmo jornal, as gravações que estão na posse da família de Tuta Melo, foram já digitalizados e restaurados e servirão de base ao livro-disco que terá uma única edição com tiragem ainda a definir.

O projecto da editora Tradisom, inclui, além do disco, uma série de contributos de várias figuras ligadas à música: “O filho do B.Léza, Veladimir Romano, está a fazer uma pequena biografia do pai; o antropólogo Paulo Lima, coordenador de várias candidaturas à UNESCO (esteve na do fado, na do cante alentejano, na dos chocalhos e na da morna, por Portugal) também escreve; o Pedro Félix, também antropólogo e coordenador do Arquivo Nacional do Som, escreverá sobre as tecnologias associadas à gravação; as antropólogas Eduarda Rovisco e Vera Marques Alves escreverão sobre as exposições coloniais de 1934 e de 1940 e a representação de Cabo Verde; e haverá ainda mais textos de outros autores”, avançou ao Público José Moças, da editoraTradisom.

Para Gláucia Nogueira, investigadora da música cabo-verdiana e autora do livro “O Tempo de B.Léza” a importância do registo da voz de B.Léza é enorme, por ser um documento histórico de uma personagem tão importante cuja voz era conhecida apenas por aqueles que com ele conviveram de perto. “Algumas pessoas que entrevistei, como Bana e Morgadinho, disseram que ele tinha uma voz rouca, um pouco como Louis Armstrong. E que ensinava as músicas quase sussurrando as palavras. Não era um cantor. Da minha parte, estou muito ansiosa para ouvi-lo”.

Entretanto, a autora de “Cabo Verde & a Música: dicionário de personagens” não acredita que o disco venha acrescentar muita coisa à obra de B.Léza.

“O legado de B.Léza é a sua obra, em música e em textos em prosa e poesia, que deixou. O registo da sua voz ser divulgado agora e partilhado com as novas gerações é interessante, mas é como um documento histórico, dada a importância do personagem, não que acrescente muito à sua obra”.

 Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1005 de 3 de Março de 2021.

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Autoria:António Monteiro,6 mar 2021 16:33

Editado porDulcina Mendes  em  5 dez 2021 23:20

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