Exposição “Mulher cabo-verdiana e seus ofícios” inaugurada em Portugal

PorDulcina Mendes,22 mar 2022 9:32

​O Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), com o apoio da Embaixada de Cabo Verde em Portugal recebe esta sexta-feira, 25, a exposição “Mulher cabo-verdiana e seus ofícios”, da autoria do artista plástico cabo-verdiano Steve Espírito Santo. Esta exposição ficará patente ao público até 31 de Maio.

Segundo uma nota enviada pelo CCCV, esta exposição insere-se na programação Março Mês da Mulher que o Centro Cultural de Cabo Verde e a Embaixada de Cabo Verde em Portugal organizam anualmente, mais concretamente no âmbito da celebração do Dia da Mulher Cabo-verdiana, que se celebra a 27 de Março.

Este evento contará com a presença da batucadeira Nha Balila, personalidade lendária da cultura tradicional de Cabo Verde e convidada especial, que estará à conversa com Steve Espírito Santo, abordando o tema do papel tradicional da mulher de origem cabo-verdiana.

Nha Balila, com os seus 92 anos de idade, mulher de múltiplas vivências, faz em 2022 a sua primeira viagem ao estrangeiro, sob os cuidados e patrocínio da AMCDP – Associação das Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal, para participar nas comemorações do Dia da Mulher Cabo-verdiana.

Nesta exposição será apresentada uma colecção de 30 esculturas que retratam a mulher cabo-verdiana na labuta diária, desempenhando inúmeras actividades de cariz familiar, profissional ou lúdico.

As várias facetas da mulher de Cabo Verde são esculpidas em materiais invulgares como a palha de milho e a fibra de bananeira seca, matérias-primas que a própria natureza oferece ao artista, permitindo-lhe materializar a sua visão da mulher cabo-verdiana ao longo do tempo.

Conforme a mesma fonte, através da sua arte, Steve Espírito Santo faz uma projecção dos múltiplos papéis que a mulher tem desempenhado desde tempos que se perdem na memória colectiva.

As figuras retratam actividades diárias, algumas já praticamente caídas em desuso e que fazem parte do imaginário do artista, que sempre foi muito atento ao papel quase subalterno que a mulher sempre desempenhou na sociedade cabo-verdiana.

Algumas esculturas são bem representativas das actividades corriqueiras e das observações do artista, como são os casos de “Mudjer ta racha lenha ku matxado” (Mulher a partir a lenha com o machado), “Mudjer ta laba marido pé” (Mulher a lavar os pés do marido) e “Mudjer ta cusia na fogo de pedra” (Mulher a cozinhar em fogão de pedra) ou outras em ofícios ainda actuais e intemporais, como por exemplo as esculturas “Mudjer ta da minino banho” (Mulher a dar banho à criança), “Mudjer ta bendi pexi” (Mulher a vender peixe) e “Mudjer rabidante” (mulher vendedeira).

Steve Espírito Santo nasceu e cresceu em Cabo Verde, no concelho de Santa Cruz. O seu estilo, sublinha a mesma fonte é único, porque quando começou a participar nas feiras de artesanato constatou que muitos dos trabalhos apresentados eram idênticos, resolveu então criar uma arte que identificasse o seu estilo e fosse diferenciadora dos restantes trabalhos artesanais que via nas exposições.

“A necessidade de se diferenciar no meio de iguais levou-o a pesquisar que materiais estavam à sua disposição para apresentar obras originais. Vivendo numa zona agrícola, onde a natureza oferece muitos materiais, surgiu-lhe então a ideia de fazer arte em palha, principalmente palha de milho e fibra de bananeira seca, que não eram utilizados nem para o pasto. São estes os materiais que dão vida à sua imaginação”, assinala.

A sua habilidade e criatividade já vêm da infância, quando não tinha brinquedos comprados na loja e para poder brincar fazia os seus próprios brinquedos, como carros de lata, bolas de meias. Mas não os fazia só para si, também vendia às outras crianças que não tinham a habilidade para fazer os seus próprios brinquedos. Também tinha jeito para desenhar. Fazia trabalhos para os professores, como por exemplo desenhos didáticos para as aulas.

A sua dificuldade reside no facto de sentir que em Cabo Verde não se valoriza a arte dos artistas em início de carreira e o acesso ao mercado é difícil. Para ele é uma conquista perceber que a sua arte o pode levar longe, o pode ajudar a conhecer vários países e a adquirir muito conhecimento.

Em 2010 foi convidado para participar em várias exposições na Europa, na América do Sul (Brasil) e na Ásia. O seu trabalho é muito elogiado e admirado em todos os locais onde expõe.

O seu plano, e desejo, é um dia fazer um curso de belas-artes e ter um atelier para expor a sua arte e dar formação para partilhar conhecimento. A sua referência são as artes plásticas.

Actualmente encontra-se a viver em Portugal, correndo atrás do sonho de fazer o curso de belas artes.

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Autoria:Dulcina Mendes,22 mar 2022 9:32

Editado porDulcina Mendes  em  6 dez 2022 23:28

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