A exposição, segundo uma nota da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, surgiu no contexto da residência artística que Yuran Henrique fez no Centro Cultural Cabo Verde e na sequência da iniciativa dedicada a jovens emergentes, "África no Filter 2022”.
“Foi desenvolvida a partir da natureza de fenómenos originados colectivamente através de pintura e peças têxteis, e realizada uma pesquisa sobre os espaços de convívio, focada no estudo profundo sobre um tipo de iconografia popular que só pode se desenvolver por meio de processos complexos do crescimento social”, explica.
A mesma fonte indicou que foram reproduzidas representações de um diálogo plural e agitado, cujos entendimentos estão sempre em transformação, percorrendo múltiplos fluxos de consciência, criando fábulas provincianas na tensão entre a liberdade da escolha aleatória e a precisão de uma meticulosa composição.
A exposição, que pode ser visitada até 10 de Fevereiro, possui narrativas que questionam formas hegemónicas de conhecimento; cânones universais com banalidades quotidianas; símbolos universais com temas regionais.
“Torna-se possível questionar a forma como distribuímos os nossos afectos, reconfigurando as nossas sensibilidades para com o que nos cerca e promovendo possibilidades de interação social. As análises das narrativas coloniais e a desconstrução. Os elementos do mundo em que vivemos hoje, permitindo-nos emergir e calibrar a nossa diversidade, que envolve camadas de espaço e tempo, e ordens de representação da memória, avançando para novas dimensões contemplativas”, lê-se no documento.
Natural de São Vicente, Yuran Henrique é um artista multifacetado e inventivo que explora constantemente temas relacionados com a perceção e a representação, e as dinâmicas sociais contemporâneas, ao mesmo tempo que se liga fundamentalmente às qualidades afetivas de diferentes materiais.
Em 2014 mudou-se para a cidade da Praia, onde iniciou activamente a sua carreira. Desde 2015 colabora semanalmente como cartunista no jornal Expresso das Ilhas, mostrando o seu lado mais crítico e social.
Em 2016 fez parte do colectivo de artistas plásticos, “Visual Arts - Cabo Verde Contemporâneo 2016”. Nesse mesmo ano realiza a sua primeira exposição individual “Artérias do Tempo”, com apoio da Câmara Municipal da Praia.
Em Abril de 2017 inaugura a exposição “Reversos” no Palácio Cultural Ildo Lobo, e em Julho do mesmo ano participa na conceituada Bienal de Cerveira, em Portugal, para Jovens Criadores da CPLP.
Em Novembro deste ano realizou uma nova amostra de pintura intitulada "Mitografia" durante o festival de teatro Mindelact, no Mindelo, sua cidade natal.
Posteriormente, foi convidado pela Embaixada de Espanha a realizar uma residência artística no CAAM, Centro Atlântico de Arte Moderno, no Cabildo das Canárias, Espanha, resultando em 11 novas telas reunidas na exposição "Calendários", de maio a Julho de 2018, que foi exposto no mesmo museu.
Já em 2022 participa no programa da escola de arte Ásíkó, em Lagos, Nigéria, um programa dedicado a artistas e curadores. Também este ano, 2022, ganha o prémio "África No Filter 2022 Emerging Artists Fellows".
Mais recentemente, as suas estampas surgiram na passerelle da SPFW - São Paulo Fashion Week, onde duas modelos desfilaram com vestidos da colecção da estilista cabo-verdiana Angela Brito.