Na história da morna, para sempre ficarão na memória de todos temas como Sodade, Dispidida ou Miss Perfumado. Em nota de pesar, o Presidente da República, José Maria Neves, diz que foi com profunda consternação e pesar que tomou conhecimento do falecimento de Humberto Bettencourt Santos, carinhosamente tratado por todos como Humbertona.
“Uma figura multifacetada, pessoa de fino trato, Combatente da Liberdade da Pátria, que, muito cedo e enquanto membro do coletivo de estudantes universitários na Bélgica, aderiu às causas da liberdade e da independência de Cabo Verde, tendo desempenhado um papel de destaque na mobilização de outros compatriotas, Diplomata e músico exímio, em cuja memória me inclino com respeito”, lê-se.
Na mesma nota, o chefe de Estado refere que os solos de violão de Humbertona fazem parte do nosso património musical e constituem um marco na discografia de Cabo Verde.
“Com o desaparecimento físico deste grande cabo-verdiano, a Nação ficou indubitavelmente mais pobre. De Humbertona fica a grata recordação de uma pessoa generosa, humanista, bem-humorada e espirituosa, e que será sempre lembrada pelas suas qualidades humanas e pelo enorme legado musical deixado, com vários discos editados e que são apreciados por geraçõesde cabo-verdianos”, aponta.
“Neste momento de luto, em meu nome pessoal e na qualidade de Presidente da República, endereço aos Filhos e demais familiares de Humberto Bettencourt Santos os sentimentos de solidariedade e as mais sentidas condolências, compartilhando da dor que nos entristece a todos pela irreparável perda”, lamenta.
Também o Governo, através de comunicado, diz que foi com “enorme sentimento de pesar que o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, tomou conhecimento do passamento de Humberto Bettencourt, mais conhecido por Humbertona”.
“Cabo Verde e a cultura estão de luto. Humbertona, para além de diplomata reconhecido e gestor, também foi uma das maiores referências do violão cabo-verdiano. Um apaixonado pela música tradicional cabo-verdiana, foi rico o contributo que este músico também deu à morna, Património Cultural Imaterial da Humanidade, com a sua maestria, virtuosidade e paixão”, realça.
Em reacção à morte de Humbertona, o músico Bau diz-se surpreso e lamenta a perda de “uma figura extraordinária da música tradicional de Cabo Verde”.
“A forma como tocava a Morna no violão deixou uma assinatura interessante. É uma grande perda para o país, mas a vida é assim. Tocamos juntos em vários momentos e mesmo em palco, por exemplo, uma vez na Academia de Música Jotamonte, em São Vicente, quando foi homenageado. Era uma pessoa calma, tranquila e extraordinária”, lembra, em entrevista à Rádio Morabeza.
A carreira de Humbertona vai para além da música. Foi embaixador, chefe de missão junto das Nações Unidas e membro da delegação responsável pelas negociações com Portugal dos termos e acordos para a Independência Nacional.
Também foi ainda gestor empresarial e presidente do conselho de administração da CV Telecom durante mais de dez anos, cônsul honorário da Holanda e Bélgica, consultor e membro da comissão de honra da candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade. Nasceu em 1940 em Santo Antão, e morreu hoje, aos 83 anos de idade.