O anúncio foi feito pelo autor, em declarações à Inforpress, em Lisboa, adiantando que em Portugal, onde reside, a obra, editada pela The Poetry and Dragons Society, será apresentada no dia 17 de Outubro, no Festival Internacional de Literatura de Óbidos (Folio).
“Perder o Pio a Emendar a Morte” é um livro escrito no contexto da pandemia, durante o primeiro confinamento, mas o poeta já avisou que não se trata de uma obra sobre a pandemia.
“É um livro que nasce de um sufoco existencial, mas também físico. Se o horizonte da finitude acompanha sempre o devir humano, nesse tempo era mais tangível, era algo que se tinha instalado perceptivelmente à nossa volta. Não é um livro sobre a pandemia, mas sobre a condição humana, e uma interrogação sobre a própria poesia, se em tempos de peste ela poderá ser uma forma de consolo”, esclareceu o poeta.
Não sendo uma obra sobre esse evento planetário, esse serviu, no entanto, ao autor de “mola desencadeadora dessas antipoéticas, desencantadas, mas sempre lúcidas, visões do mundo e do homem lançado no mar da existência”,
Referindo-se à obra “Perder o Pio a Emendar a Morte”, José Luiz Tavares afirmou que é, de um certo modo, “tributária das leituras” que foi fazendo durante esse período, nomeadamente “o grande poeta e ensaísta alemão”, Hans Magnus Enzensberger, Nicanor Parra, o iconoclasta chileno e inventor da chamada antipoesia, Daniil Harms, Stig Dagerman, E.M. Cioran, Nietzsche, Kierkegaard, Arno Schmidt e Alberto Pimenta.
De acordo com a crítica especializada, com “Perder o Pio a Emendar a Morte”, José Luiz Tavares navega numa intimidade que comunga com a morte.
“O silêncio espreita por todos os lados. A solidão cerca-nos, asfixiando a coragem e a vontade. Ouvem-se apenas os gritos de gargantas ocas que se abrem para engolir todo o sofrimento. Neste livro, o poeta questiona uma humanidade em crise, caminhando entre covas abertas, entre mortos que partilham a mesma respiração. Escrito em período de pandemia, este livro revela a visão apurada de um homem que carrega as almas dos que conheceram o sofrimento”, explica a editora.
Natural de Tarrafal de Santiago, José Luiz Tavares estudou Literatura e Filosofia em Portugal, onde vive.
Desde a sua estreia, em 2003, publicou dezanove livros e recebeu inúmeros prémios, um deles o Prémio Imprensa Nacional/ Vasco Graça Moura, sendo o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde.