Segundo uma nota da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, esta exposição convida-nos a mergulhar na obra vibrante de Kiki Lima, uma artista que traduz a identidade cabo-verdiana através de cores intensas e formas em movimento.
A mesma fonte sublinha que as suas telas são um testemunho vivo da relação entre o povo e a sua terra, onde o "chão das ilhas" representa as tradições, o labor e o quotidiano, enquanto o "som da alma" se manifesta na expressão musical e corporal, pilares da cultura cabo-verdiana.
“Dividida em três núcleos, a exposição aborda temas centrais da vida insular. No primeiro núcleo, explora-se o quotidiano do mar, o dinamismo dos mercados, a força da mulher, a espontaneidade da infância e a expressividade da dança e da música, revelando a riqueza de um povo que encontra na simplicidade do dia a dia a sua maior inspiração”, realça.
No segundo núcleo, uma instalação composta por múltiplas peças de digigrafia, em parceria com o CPS - Centro Português de Serigrafia, que para a ocasião produziu uma série limitada de 71 peças, correspondente à idade do artista como homenagem.
Esta instalação dialoga com uma obra original, criando uma ponte entre a tradição e a contemporaneidade, entre a materialidade do chão e a imaterialidade da alma.
A exposição, conforme a mesma fonte explora ainda uma técnica de reprodução em massa, que homenageia a extensa produção de serigrafias de Kiki Lima ao longo da sua carreira, reflectindo como a sua obra se disseminou por milhares de lugares, levando a cultura cabo-verdiana para diferentes partes do mundo e ampliando o seu alcance através da multiplicação de imagens.
O terceiro núcleo apresenta a tela "Bói Popular", criada em 2021 para a exposição "De Dentro e Fora" na UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, acompanhada por um vídeo da concretização da peça que documenta o processo de criação da própria obra, desde o início até à sua finalização, proporcionando ao visitante uma compreensão mais profunda do processo criativo do artista.
A mesma fonte realça que a harmonia entre cor, forma e movimento convida-nos a sentir a energia e a paixão que permeiam a cultura cabo-verdiana, reforçando a ideia de que o som e a imagem são inseparáveis na construção da identidade do arquipélago. "O som da música do próprio autor ecoará pela exposição, revelando a multiplicidade do artista e a sua capacidade de transitar entre diferentes formas de expressão artística. Esta exposição é uma celebração da alma cabo-verdiana, reflectida no trabalho de Kiki Lima, um artista que continua a dar voz às ilhas através das suas pinceladas".
Natural de Santo Antão, Kiki Lima, de nome completo Euclides Eustáquio Lima é licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, frequentou ainda os cursos de Desenho e Pintura no CEC e de Escultura no Centro de Arte e Comunicação Visual, ambos em Lisboa. Atualmente, vive e trabalha em Cabo Verde.
Pintor, escultor, designer e músico, compositor e intérprete, Kiki Lima iniciou o seu percurso nas artes plásticas em 1969. Ao longo da sua carreira, realizou mais de 200 exposições individuais e participou em mais de 160 exposições coletivas.
O seu trabalho pictórico distingue-se pelo uso de cores vibrantes e uma pincelada gestual, retratando figuras em movimento e espaços emblemáticos da cultura cabo-verdiana, onde a música desempenha um papel central. As suas telas luminosas captam a alegria popular em cenas de rua, mercados, recantos e danças tradicionais.
Kiki Lima assume-se como um artista impressionista e expressionista, explorando variações das técnicas tradicionais. Prefere usar uma mesa em vez de uma paleta e privilegia pincéis largos, recorrendo frequentemente a cores alegres, com destaque para o laranja e o azul ciano.
Ao longo da sua trajetória, recebeu várias distinções e prémios, entre os quais se destacam o 1.º Grau da Medalha de Mérito Cultural do Governo de Cabo Verde (2017), a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão, no âmbito do 25.º aniversário da Independência de Cabo Verde, atribuída pelo Presidente da República de Cabo Verde; o Prémio Selo Morabeza (2015); o título de “Personalidade 2002“ em Artes Plásticas, atribuído pelo Núcleo de Estudantes Universitários Africanos em Portugal; e o “Prémio Prestígio AI-UÉ” – Pintura (1992). O seu nome está representado no painel de pintores cabo-verdianos da Assembleia Nacional de Cabo Verde.
Entre as suas obras de arte pública mais relevantes destacam-se o frontispício do Pavilhão de Cabo Verde na EXPO’98 e a peça “Receção de Emigrantes”, situada no Aeroporto Amílcar Cabral, na ilha do Sal. O seu trabalho integra diversas colecções nacionais e internacionais, tanto públicas como privadas, em Portugal e noutros países.
Algumas das suas obras encontram-se em colecções particulares de figuras proeminentes, como os ex-presidentes portugueses Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, o Rei de Espanha, os Presidentes da África do Sul, Timor-Leste e China, bem como as ex-primeiras-damas dos EUA, Hillary Clinton.
Como escultor, produziu várias obras em bronze, incluindo bustos, troféus e medalhas comemorativas.
Em 2019, Kiki Lima celebrou os seus 50 anos de carreira com a exposição “50 anos de musicalidade pictórica”, realizada no Palácio da Cultura Ildo Lobo, uma homenagem ao seu percurso artístico multifacetado e à sua contribuição para a arte cabo-verdiana.