Segundo o carnavalesco, será um projecto grandioso e superior ao de 2025 e, a ideia, acrescentou, é destacar a importância de São Vicente e do seu Porto Grande como ponto de abastecimento estratégico, a partir do século XIX.
Isto durante a era da navegação a vapor, impulsionado pela presença inglesa e por navios de várias nacionalidades que ali se reabasteciam, tornando-se num centro de actividade económica do arquipélago e num ponto estratégico nas ligações entre a Europa e o Atlântico.
“No Carnaval de 2025 fizemos um enredo sobre Cabo Verde e, logo a seguir, decidimos que tínhamos de falar de São Vicente, em 2026. Queremos retratar a história de São Vicente de que já ninguém fala, mas que mudou e moldou a personalidade da ilha e de Cabo Verde”, afirmou o carnavalesco.
Fernando de Morais lembrou que o comércio do carvão contribuiu para que a ilha recebesse “fortes influências” provenientes de várias partes do mundo, que ajudaram a definir as particularidades que hoje fazem parte de São Vicente, muitas delas trazidas pelos ingleses, desde o desporto à cultura, à arquitectura e ao próprio modo de ser do são-vicentino.
“Logo após o povoamento de São Vicente, surgiram interessados na ilha devido ao seu porto, que oferecia determinadas condições para o negócio do carvão. Vamos retratar como esse negócio moldou a sociedade mindelense e serviu de tábua de salvação de Cabo Verde”, concretizou a mesma fonte.
Segundo Fernando de Morais, colocar este projecto nas ruas exactamente no momento em que São Vicente está sob estado de emergência devido à passagem da tempestade Erin é cumprir o ditado popular que diz: “Deus escreve certo por linhas tortas”.
“Começámos a investir de forma pesada e madura e, por isso, não tínhamos hipótese de abandonar São Vicente. Quem é o verdadeiro mindelense não abandona a ilha no momento em que ela mais precisa, principalmente numa altura em que o Carnaval está a alcançar um outro patamar”, considerou a mesma fonte.
Conforme o carnavalesco, o grupo perdeu vários materiais e ferramentas com as cheias de 11 de Agosto e já tinha produzido estátuas que foram destruídas no incêndio no seu estaleiro, pelo que vai “começar do zero” e espera o “reforço do financiamento, já que os outros grupos não vão desfilar”.
Por seu lado, o presidente do grupo, Jailson Juff, disse que Cruzeiros vai apresentar-se com quatro carros alegóricos, dois reis, duas rainhas, porta-bandeira e mestre-sala, e cerca de dois mil figurantes.
“Pensamos ter este ano uma massa grande de figurantes porque há muitas pessoas ligadas a outros grupos que querem desfilar e trabalhar connosco”, projectou a mesma fonte.
Jailson Juff informou que o enredo foi concebido para um orçamento de 10 mil contos, embora tenha reconhecido que, em desfiles anteriores, o Cruzeiros chegou aos sete mil contos e, mesmo assim, venceu o Carnaval.
Na mesma noite também foram apresentados os reinados e as figuras de destaque que vão desfilar no dia 17 de Fevereiro.
Os reis são Alessandro Monteiro, da zona de Cruz, João Évora, e Ivan Graça, da ilha do Sal.
As rainhas são Dorinda Morais, da zona de Cruz João Évora, e Eloisa Matias, que reside nos Países Baixos.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira é composto por Ricardo Fernandes e Laurinda dos Santos, que se apresentarão pela segunda vez neste posto.
A rainha de bateria, desta vez, será Ilsevânia Alves, natural da ilha do Maio, figura conhecida do Carnaval mindelense, que já desfilou muitas vezes como destaque no Cruzeiros do Norte e noutros grupos.
Segundo o mestre de bateria Nuno Costa, é possível enquadrar qualquer ritmo da cultura cabo-verdiana no samba, pelo que convidou o público a ver o desfile dos Cruzeiros, porque haverá novidades.
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