Março, mês da mulher (no Desporto) – II

PorLeonardo Cunha,18 mar 2022 8:28

No seguimento do artigo da semana passada sobre a importância do desporto na promoção da igualdade de género, irei fazer uma reflexão sobre os estereótipos em relação à participação e liderança da mulher no ecossistema desportivo.

Muitas mulheres e raparigas que participam no desporto ainda enfrentam estereótipos convencionais de género, o que dita, por exemplo, que as mulheres com corpos atléticos não são consideradas esteticamente atraentes. São frequentemente objeto de um preconceito significativo no desporto ainda dominado pelos homens.

Em algumas sociedades, a participação das raparigas e das mulheres no desporto em locais públicos pode mesmo ser considerada um ato provocatório. Mais frequentemente do que os seus pares masculinos, raparigas e mulheres evitam participar no desporto com medo de determinadas lesões e preocupação com a sua segurança no recinto desportivo ou a caminho do recinto desportivo. Muitos também acreditam em afirmações falsas ou não comprovadas de que o desporto pode ter um impacto negativo na sua saúde reprodutiva. Além disso, não há casas de banho ou balneários em muitos lugares.

Sendo o género uma questão primordial para o avanço da sociedade, o apoio científico prestado pela Universidade Alemã do Desporto de Colónia (DSHS) em relação a medidas específicas de cada país tem em conta dados e indicadores específicos do género são um bom exemplo do que podemos realizar para minimizar este paradigma. Vários projetos em curso visam alcançar o maior número possível de raparigas e jovens mulheres e aumentar o número de mulheres treinadoras e professores.

As questões relevantes para o género são também incorporadas em muitos dos métodos de formação desenvolvidos com parceiros. Um exemplo disso é o desenvolvimento do método de "Formação Social" que tem vindo a ser desenvolvido no Brasil. O género é uma das quatro áreas prioritárias incorporadas na formação do futebol no país, para além da saúde, da coexistência pacífica e da consciencialização ambiental. Os treinadores completam uma série de exercícios práticos que lhes permitem integrar as questões da igualdade de género no coaching desportivo imediatamente após a sua formação.

O projeto "Desenvolvimento da Juventude através do Futebol" (YDF) na África do Sul mostra que as ativistas no domínio do género nem sempre têm de se concentrar em raparigas e jovens mulheres. Por exemplo, relatórios de monitorização confirmaram que, devido às atividades realizadas com rapazes, o comportamento violento em jovens caiu 35% ao fim de um ano.

No que respeita à integração das questões de género, o programa regional "Desporto para o Desenvolvimento em África" obteve resultados positivos no que respeita à construção e reabilitação de instalações desportivas. É importante então entender que medidas concretas os estudos demostram ser eficazes para o aumento da participação e empoderamento feminino no desporto. Esta tema irei abordar no próximo artigo.

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Autoria:Leonardo Cunha,18 mar 2022 8:28

Editado porAndre Amaral  em  1 dez 2022 23:28

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