A assinatura do acordo que cria o mercado comum africano vai ser benéfico para os seus signatários, defendeu Carlos Lopes, que prevê “desde logo um aumento e um crescimento da economia africana, mas também a possibilidade de criar mercados internos que permitem isolar a indústria africana nascente da concorrência internacional que é muito pesada”. “Com o acordo comercial vamos poder ter tarifas harmonizadas e uma redução drástica para muitas das categorias de exportação para zero. Isso significa que o mercado africano passa a ser muito atractivo e mesmo os investidores externos vão querer considerar muito mais facilmente o investimento num país pequeno, porque esse país deixa de ser visto isoladamente, mas como fazendo parte de um corpo muito maior para onde se pode exportar”, acrescentou.
Uma das grandes vantagens do continente africano é a sua demografia. A natalidade elevada e a baixa média de idades permitem “repor um certo equilíbrio mundial, porque há um envelhecimento muito grande da população nos países com economias mais maduras”.
No entanto, Carlos Lopes deixa um alerta. “Dito isto, é uma oportunidade, não é ainda tangível que isso vá acontecer e depende muito do protagonismo dos africanos. Eu acho que os africanos têm de celebrar mais as realizações e menos as oportunidades”.
O pan-africanismo e as suas vantagens no actual cenário geopolítico internacional foram também alvo de análise por Carlos Lopes. “Acho que é uma dimensão nova de um conceito que é dinâmico, que foi evoluindo ao longo do tempo e, hoje em dia, o braço principal de transformação do continente é essa integração comercial. Para criar o mercado alargado de África mas também para que África possa negociar com outros parceiros mundiais em pé, não de igualdade mas de força, porque África vai poder contar com músculo que neste momento não existe por causa da fragmentação”.