De acordo com as informações da entidade estatal que assegura a promoção e captação de investimentos externos para o arquipélago, consultadas hoje pela agência Lusa, os 83 milhões de euros correspondem a investimentos dos Estados Unidos da América, da Turquia, França, Itália e de investidores nacionais.
“Cinco desses projectos são dedicados ao turismo e um deles ao transporte marítimo”, precisou a mesma fonte, indicando que a ilha São Vicente registou o maior volume de investimentos aprovados, no valor de 70.850.000 euros, com os projetos Four Points by Sheraton & Le Meridien e Navio Atlantis Antão.
Seguem-se o Maio, também com dois projectos, que totalizam 7.247.159 euros, o Sal, com 5 milhões de euros, e Santiago com 1.101.509 euros.
Para o segundo trimestre do ano, que agora terminou, a Cabo Verde TradeInvest prevê “um bom volume de investimentos” para relançar a economia no pós-covid-19.
Em Fevereiro, o ministro das Finanças, Olavo Correia, avançou que Cabo Verde fechou em 2020 um recorde de investimentos externos de 1.244 milhões de euros, num total de 27 projectos que estimam a criação de 12.435 postos de trabalho.
“Este resultado considerável é o mais elevado da história de Cabo Verde, e uma forte indicação que, com a implementação desses projectos, combinado com os grandes investimentos privados, haverá um forte crescimento económico nos próximos anos”, afirmou.
O valor de investimento externo captado por Cabo Verde em 2020 duplica ainda o recorde anterior, de 2017, quando foram captados 600.877.434 euros, com previsão de 6.689 postos de trabalho.
Em 2020, um único projecto de investimento fechado com a Cabo Verde TradeInvest está orçado em 500 milhões de euros e envolveu a assinatura da convenção de estabelecimento do "Little África Maio", que vai ser construído nos próximos três anos na ilha com o mesmo nome pelo grupo Internacional Holding Cabo Verde (IHCV).
Trata-se do maior investimento turístico privado de sempre em Cabo Verde e prevê gerar 4.000 empregos.
O turismo, sector que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas que está praticamente parado desde Março de 2020 devido às restrições da pandemia de covid-19, representa 80% do investimento externo contratado com a Cabo Verde TradeInvest, seguido pela indústria, com 19%.
Em entrevista à agência Lusa em Junho do ano passado, o presidente da Cabo Verde TradeInvest (CVT), José Almada Dias, disse que o grosso dos investimentos centra-se no turismo hoteleiro, mas a agência estava a fazer uma “forte aposta” no turismo residencial.
“O turismo residencial é diferente. As pessoas compram casas, vêm para aqui viver, reformados, pessoas de outras paragens, o que cria um outro tipo de comprometimento. Só aqui já há alguma diversificação que nós estamos a tentar”, sustentou o presidente.
Além disso, afirmou que a Cabo Verde TradeInvest está a apostar na utilização do Centro Internacional de Negócios (CIN) do país, cujo objectivo é atrair empresas em várias áreas de negócios, na área do comércio internacional.
A Cabo Verde TradeInvest é a agência responsável pela tramitação dos projectos, uma espécie de ‘front office’ do Estado e o investidor.
A aprovação dos projectos é sempre feita pelo Governo, com a agência a regressar depois para emitir um certificado de investidor, que terá direito a uma série de incentivos do Estado, desde fiscais e aduaneiros.