Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), a presidente do conselho de administração da transportadora aérea nacional, Sara Pires, disse que durante dois meses o aparelho dos Transportes Aéreos de Angola vai funcionar em regime de ‘wet leasing’, em que a tripulação é angolana, além de ser responsável pelo pagamento dos seguros e manutenção do aparelho.
“Esta é uma exigência do regulamento aeronáutico [mundial] de que o aparelho deverá operar durante, pelo menos, dois meses neste regime e só posteriormente poderá operar no regime de ‘dry leasing’”, explicou a responsável máxima da TACV, acrescentando que esta situação advém do facto de, durante este período de sensivelmente dois meses, a Aeronáutica Civil Cabo-verdiana estar a avaliar o aparelho e certificá-lo para que tenha a matrícula nacional.
Quando o aparelho passar a funcionar em regime de ‘dry leasing’, o mesmo operará com as cores da Cabo Verde Airlines, a tripulação nacional e todo o serviço de manutenção será garantido pelo pessoal cabo-verdiano, assim como o seguro estará a cargo da TACV.
Instada se dentro dois meses o avião Boeing 737 será pilotado pelo pessoal da TACV, Sara Pires garantiu que sim, acrescentando que este tipo de aparelho “se adapta mais ao tipo de operações” que a companhia nacional faz.
“Tendo em conta o prazo que tínhamos para iniciar as operações, sob pena de vermos revogado o certificado de operador aéreo, iniciamos o processo com um Boeing-757, porque era um aparelho com o qual a nossa tripulação estava mais familiarizada e, por conseguinte, seria mais fácil iniciarem as operações com este aparelho”, apontou a PCA da TACV.
Segundo ela, como o País não ia continuar com o contrato que lhe permite utilizar o actual Boeing-757, decidiu-se recorrer ao aparelho da TAAG.
Sara Pires não confirmou a informação de que a TAAG está disponível a colocar ao serviço da TACV mais dois aviões, mas deixou transparecer que é intenção da transportadora aérea nacional recorrer, se possível, a outros aparelhos da companhia aérea angolana.
“A TAAG tem 19 aparelhos e poderá ter interesse em alugar mais aviões a Cabo Verde”, assegurou Sara Pires, que espera que a parceria com os angolanos seja “duradoura” e, por isso, frisou, não coloca de parte a hipótese de alugarem mais aeronaves a Angola.
Garantiu, por outro lado, que a Cabo Verde Airlines vai retomar as rotas para onde sempre operou e que são “rentáveis”, como Boston (Estados Unidos de América), Paris (França) e Fortaleza (Brasil).
Neste momento, a TACV está a operar apenas na rota para Lisboa e, de acordo com a sua responsável, no início do segundo semestre preveem introduzir, pelo menos, mais duas rotas.
“A ideia é começarmos no início do segundo semestre a rota dos Estados Unidos, Boston ”, informou, acrescentando que outras rotas poderão ser introduzidas mediante estudos de viabilidade.
Relativamente à retoma do ‘hub’ na ilha do Sal, aquela gestora afirmou que de acordo com o plano actual, esta plataforma está “suspensa”, porque, neste momento, o próprio não permite.
“A parceria com a TAAG vai poder dinamizar e potencializar os dois ‘hubs’: o do Sal e o de Luanda. E se for aproveitada muito bem esta parceria, creio que o ‘hub’ do Sal vai ter um grande impulso e podermos, de facto, dinamizar tudo aquilo que é o negócio à volta do ‘hub’ na ilha do Sal”, indicou Sara Pires.
Neste momento, adiantou Sara Pires, 60 por cento dos trabalhadores da TACV se encontram em regime de ‘lay-off’ e que neste caso é a própria companhia que está a suportar os salários.