De acordo com o documento, do Ministério das Finanças, o ‘stock’ da dívida pública de Cabo Verde ultrapassou no final de Maio os 291.015 milhões de escudos, um novo valor máximo absoluto, quando em Abril passado rondava os 289.872 milhões de escudos.
Em termos homólogos, o ‘stock’ da dívida pública cabo-verdiana aumentou ainda 9,3% face aos 266.311 milhões de escudos em Maio do ano passado, então equivalente a 147,6% do PIB de 2021.
Esse 'stock' atingiu no final de Dezembro passado um recorde de 280.332 milhões de escudos, equivalente a 157,1% do PIB estimado para 2021.
O Governo estima baixar o rácio do ‘stock’ da dívida pública para 150,9% do PIB em 2022, conforme prevê o Orçamento do Estado, depois dos 155,6% em 2020, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19.
Em Maio passado, a dívida pública contraída internamente valia o equivalente a 46,8% do PIB (45,2% em Maio de 2021), aumentando para quase 90.932 milhões de escudos, enquanto a dívida externa caiu para 102,9% (102,3% em 2021), quase 200.084 milhões de escudos.
O alívio, restruturação ou perdão da dívida externa é um objectivo de curto prazo assumido pelo Governo, que está em conversações com credores internacionais, nomeadamente Portugal, para libertar recursos financeiros para a retoma económica após a pandemia.
Face à crise económica provocada pela pandemia de covid-19, com quebra nas receitas fiscais e a necessidade de aumento de apoios sociais e às empresas, o Governo está a recorrer desde Abril de 2020 ao endividamento público para financiar o funcionamento do Estado, através de empréstimos internacionais e pela emissão de títulos do Tesouro no mercado interno.
Com uma recessão económica de 14,8% em 2020, que reduziu nessa proporção o PIB face a 2019, o rácio do 'stock' da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio ultrapassou pela primeira vez os 100% do PIB em 2013, mas estava em queda na anterior legislatura (2016-2021), até ao início da pandemia de covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano, já que continuava a crescer em termos absolutos.
A principal consequência económica da pandemia de covid-19 em Cabo Verde prende-se com a forte quebra na procura turística desde Março de 2020, sector que antes garantia 25% do PIB do país, com a inerente forte quebra de receitas fiscais e consumo.