De acordo com o documento do Ministério das Finanças, o 'stock' da dívida pública chegou no final de Julho aos 296.600 milhões de escudos, um novo valor máximo absoluto, quando em Junho passado rondava os 293.475 milhões de escudo.
Em termos homólogos, o 'stock' da dívida pública cabo-verdiana aumentou ainda 10,6% face aos 268.122 milhões de escudos em Julho do ano passado, então equivalente a 148,6% do PIB de 2021.
Esse 'stock' atingiu ainda no final de Dezembro passado um recorde de 280.332 milhões de escudos, equivalente a 157,1% do PIB estimado para 2021.
O Governo estima baixar o rácio do 'stock' da dívida pública para 150,9% do PIB em 2022, conforme prevê o Orçamento do Estado, depois dos 155,6% em 2020, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19.
Em Julho passado, a dívida pública contraída internamente valia o equivalente a 47,5% do PIB (46,0% em Julho de 2021), aumentando para quase 92.400 milhões de escudos, enquanto a dívida externa subiu para 105,0% (102,6% em 2021), acima de 204.200 milhões de escudos.
O alívio, restruturação ou perdão da dívida externa de Cabo Verde é um objectivo de curto prazo assumido pelo Governo, que está em conversações com credores internacionais, nomeadamente Portugal, para libertar recursos financeiros para a retoma económica após a pandemia.
Face à crise económica provocada pela pandemia de covid-19, com quebra nas receitas fiscais e a necessidade de aumento de apoios sociais e às empresas, o Governo está a recorrer desde Abril de 2020 ao endividamento público para financiar o funcionamento do Estado, através de empréstimos internacionais e pela emissão de títulos do Tesouro no mercado interno.
Com uma recessão económica de 14,8% em 2020, que reduziu nessa proporção o PIB de Cabo Verde face a 2019, o rácio do 'stock' da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio ultrapassou pela primeira vez os 100% do PIB em 2013, mas estava em queda na anterior legislatura (2016-2021), até ao início da pandemia de covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano, já que continuava a crescer em termos absolutos.
A principal consequência económica da pandemia de covid-19 no país prende-se com a forte quebra na procura turística desde Março de 2020, sector que antes garantia 25% do PIB do país, com a inerente forte quebra de receitas fiscais e consumo.