Presidente da AECV constata que emigração está a provocar escassez de mão-de-obra qualificada em Cabo Verde

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,1 set 2023 8:14

O presidente da Associação Empresarial de Cabo Verde (AECV), Andrea Benolli, afirmou hoje que o fluxo crescente de pessoas em busca de melhores condições de vida no estrangeiro está a provocar a escassez de mão-de-obra qualificada no País.

Andrea Benpolli falava em entrevista à Inforpress, reforçando que isto é demonstrado pelos milhares de pedidos de vistos apresentados todos os anos ao Centro Comum de Vistos.

“Actualmente, do ponto de vista económico, podemos afirmar que o fenómeno da emigração laboral afecta as figuras profissionais mais promissoras, obrigando, sobretudo, as micro e pequenas empresas, que constituem o coração pulsante do país, a procurar substitutos para última hora, retomando um processo de formação interna para o qual já tinham investido”, observou.

Segundo a mesma fonte, essa vontade de sair para trabalhar lá fora não se deve apenas ao problema salarial.

“As causas encontram-se num sistema nacional incapaz, actualmente, de dar respostas aos pedidos do povo e que tem levado as pessoas a emigrar sem apresentar quaisquer condições de reintegração”, ponderou.

“Há muitos quadros da diáspora que gostariam de regressar, mas não conseguem encontrar as condições mínimas para o poder fazer. As políticas de recepção estão limitadas a alguns descontos fiscais e pouco mais. Portanto, não se deixe enganar pela ideia de que a população jovem emigrante um dia regressará ao país e torná-lo-á melhor, mais moderno e capaz de competir nos mercados internacionais”, analisou.

Perante o panorama, Andrea Benolli questiona, em tom de ironia, se de facto, o actual Governo e instituições que deveriam defender os interesses dos empresários “veem com bons olhos” a saída de “jovens talentos” para países estrangeiros em vez de segurá-los em Cabo Verde.

“Estamos exportando os cérebros mais talentosos. O que nos resta no curto e médio prazo?”, argumentou.

“Os empresários ficariam muito mais satisfeitos em ver políticas laborais reais, salários adequados à margem das empresas, transportes nacionais competitivos e fiáveis, cuidados de saúde, educação, infraestruturas, turismo capazes de dinamizar as cidades, sindicatos capazes de atrair trabalhadores…a lista é longa”, comentou.

No entendimento de Andreia Benolli é uma “vantagem inestimável” ser um país demograficamente pequeno, porém, só uma “mudança radical” garantirá que jovens e menos jovens cabo-verdianos não sejam “obrigados” a emigrar para encontrar melhores condições de vida, em prol das famílias e da economia.

“Facto certo é que se um indivíduo decide sair da sua zona de conforto emigrando para um país que nunca viu, é porque o seu país é incapaz de lhe proporcionar as condições necessárias para permanecer”, finalizou, admitindo, todavia que a emigração cabo-verdiana não é um fenómeno recente, pelo contrário, perde-se na história, tornando-se um traço “distintivo do ADN” do País.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,1 set 2023 8:14

Editado porAndre Amaral  em  29 abr 2024 23:27

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