​FMI lança perspectivas para a África Subsaariana e fala de "uma recuperação tímida e cara"

PorNuno Andrade Ferreira,19 abr 2024 11:59

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que, depois de "anos turbulentos", a África Subsaariana parece estar finalmente no caminho da recuperação. Contudo, os desafios continuam à espreita. Nas Perspectivas Económicas Regionais (PER), divulgadas esta sexta-feira, a instituição realça que os governos da região continuam a debater-se com escassez de financiamento e elevados custos dos empréstimos, num contexto de baixa capacidade de mobilização de recursos internos.

O crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) na região aumentará de 3,4 por cento em 2023, para 3,8 por cento em 2024, com quase dois terços dos países a preverem um crescimento acima da média. A recuperação económica deverá continuar para lá deste ano e chegar aos 4% em 2025.

Paralelamente, a inflação mediana diminuiu para quase metade, de quase 10 por cento em Novembro de 2022, para cerca de 6 por cento, em Fevereiro de 2024.

O relatório nota que os rácios de dívida pública estabilizaram num valor médio de 60% do PIB, em 2023, com melhorias previstas para este ano. Porém, o serviço da dívida merece atenção. O FMI recorda que estão previstos reembolsos significativos até final de 2025.
"Os desafios de financiamento estão a forçar os países a cortar despesas públicas essenciais e a redirecionar fundos de desenvolvimento para o serviço da dívida, pondo assim em risco as perspectivas de crescimento para as gerações futuras", lê-se no relatório apresentado hoje, em Washington.

Esses desafios, observa o FMI, reflectem a diminuição em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) - consistente ao longo dos últimos 15 anos - da chamada Ajuda Oficial ao Desenvolvimento, com importância crítica para muitos dos países considerados nas PER.

No final de Março, as taxas pedidas àqueles que se conseguiram financiar nos mercados situou-se perto dos 11%, acima da média de 7,3% do período pré-pandémico, o que torna esta via impraticável para muitos governos.

O economista do Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional, Thibault Lemaire, nota que o principal desafio é tornar a dívida em investimento produtivo.

"Para que realmente essa dívida possa impactar positivamente a economia. E aqui são duas as condições para se conseguir isso. Primeiro, é importante que esses fundos obtidos através da emissão da dívida se transformem em investimento de alta rentabilidade. Isso passa por uma boa selecção de projectos e boa execução dos projectos. Mas também é importante que os benefícios desses projectos gerem mais receitas para os Estados da região. Essas receitas adicionais permitirão reembolsar essa dívida no futuro", nota, em entrevista ao Expresso das Ilhas e Rádio Morabeza.

Para Cabo Verde, o FMI antecipa um crescimento de 4,7%, tanto em 2024, como em 2025, o que representa uma melhoria de 0,2 pontos percentuais face às previsões de Outubro do ano passado, quando o Fundo perspectivava que a economia cabo-verdiana cresceria 4,5% em 2024.
"Uma recuperação tímida e cara" é o título dado às PER para a África Subsaariana. A publicação do documento segue-se à divulgação, na terça-feira (16), das Perspectivas Económicas Mundiais, à margem dos Encontros de Primavera, que decorrem na capital norte-americana.
A entrevista ao economista do FMI, Thibault Lemaire, poderá ser lida na íntegra na próxima edição impressa do Expresso das Ilhas, dia 24 de Abril nas bancas.

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,19 abr 2024 11:59

Editado porFretson Rocha  em  2 mai 2024 14:20

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