Informação avançada, esta quinta-feira, em São Vicente, por Luís Teixeira, no final da Assembleia Geral-Ordinária da empresa. Segundo o PCA da ELECTRA, a reforma da estrutura organizacional do mercado energético será concretizado através da separação das empresas por áreas de negócio.
“Estamos a falar de um processo de decisão simples. Vamos criar uma empresa de produção térmica, estamos aqui a falar das centrais, não entra a produção renovável. Vamos ter uma nova empresa que se chama ONSEC, o operador nacional responsável da área de transporte, incluindo toda a parte do centro de despacho, vai ser o coração de todos os sistemas e temos a empresa de distribuição e retalhista de energia eléctrica. Para dizer, também, que a Águas e Energia de Boa Vista vai ser incluída nesse processo”, explica.
Sem especificar datas, Luís Teixeira indica que a privatização, processo conduzido pelo Governo e por uma task force, vai acontecer numa próxima fase.
“Vamos iniciar uma fase de transição. A privatização, que é um processo conduzido pelo Governo e pela task force, vai acontecer mais à frente. Como disse, terminámos uma fase de restruturação. Tínhamos um mercado onde tínhamos uma empresa, com duas participadas, Norte e Sul, e vamos passar a ter as empresas separadas por área de negócio. Portanto, é um novo figurino, que nós acreditamos que vai trazer ganhos, porque tudo isto que estamos a fazer para ter melhor eficiência a nível de produção, transporte, distribuição, o desafio das perdas, a questão da qualidade de serviço, é tudo isto que está na base dessa restauração”, esclarece.
As empresas de Produção (EPEC) e de Distribuição (EDEC) vão ficar sediadas em São Vicente. O Operador Nacional de Sistema Eléctrico (ONSEC), responsável pela área de transporte, incluindo toda a parte do centro de despacho, vai ter a sua sede na Praia, mantendo-se no domínio da esfera pública.
Conforme explica Luís Teixeira, as empresas de produção e distribuição de electricidade serão alvo de um processo de alienação de acções, através da modalidade de concurso público, sem se dissolver a Electra, S.A, que mantém a sua personalidade jurídica. De resto, o negócio de produção e distribuição de água continua na Electra S. A.
O PCA da ELECTRA também anunciou a conversão pelo Estado dos créditos da empresa em prestações acessórias, num valor de 15 milhões de contos.
“Como é público, de muitos anos a esta parte, a Electra tem capital próprio negativo. considerando o contexto da reestruturação e da privatização, fizemos uma proposta ao Accionista-Estado para fazer a conversão dos créditos em prestações acessórias. Foi votado favoravelmente. Estamos a falar de quase 15 milhões de contos, que foram convertidos, significa que a ELECTRA, neste momento, com a decisão de hoje, deixou de ter um capital próprio negativo de 7 milhões, e passou a ter 8 milhões de positivos”, afirma.
Uma medida que, de acordo com, Luís Teixeira, permite que a Empresa de Produção de Água e Electricidade, há muitos anos “em falência técnica”, se torne “mais sólida”, financeiramente.
Resultados
Entretanto, a ELECTRA voltou a registar resultados negativos em 2023. Segundo o relatório e contas de 2022, aprovado na Assembleia Geral, a empresa registou um resultado líquido de 231.000 contos negativos. O valor representa, contudo, uma melhoria de 70% quando comparado com 2022, em que se situou nos 781.546 contos negativos.
Segundo o documento, a ELECTRA Norte voltou a ter lucros, com resultados líquidos positivos de 443 mil contos. No entanto, a congénere Sul, apresentou resultados negativos de 785.000 contos.
A produção de eletricidade atingiu o valor de 482 GW em 2023, sendo 84% de origem térmica, 14,6% eólica e 1,4% solar. Os dados não incluem a microgeração.
As perdas globais de electricidade, segundo a empresa, continuam a ser um” grande desafio”, e rondam os 24% de toda a energia produzida. Ainda assim, houve uma ligeira diminuição, de 0.4 pontos percentuais, quando se compara com 2022.