De acordo com o relatório Africa’s Pulse, publicado pelo Banco Mundial, a região experimenta uma recuperação económica tímida, mas o seu progresso educacional é crítico para assegurar um crescimento inclusivo e duradouro.
A economia da África Subsaariana deverá registar um crescimento de 3% em 2024 e cerca de 4% até 2026. Apesar disso, as taxas de pobreza extrema permanecem altas, agravadas por crises climáticas e desigualdades estruturais. A educação surge como um pilar estratégico para enfrentar esses desafios. Contudo, a região continua a lidar com barreiras históricas, como insuficientes infraestruturas escolares, desigualdade de género e acesso limitado ao ensino superior.
Crise de aprendizagem
Um dos problemas mais realçados no relatório é a crise de aprendizagem.
Milhões de crianças completam o ensino primário sem adquirir habilidades básicas de leitura, escrita e matemática. Essa situação compromete as suas oportunidades futuras e o potencial de desenvolvimento da força de trabalho regional. Além disso, as disparidades de acesso são profundas, afectando principalmente meninas, crianças em zonas rurais e comunidades em situações de conflito.
Financiamento Educacional
Os gastos públicos com educação como proporção do PIB são um indicador importante da prioridade que os governos atribuem ao sector. Na África Subsaariana, essa média é de cerca de 4%, enquanto na Europa e América do Norte atinge 5,5%. Além disso, muitos países africanos enfrentam uma alta dependência de financiamento externo, em contraste com regiões como a Ásia Oriental, que financiam a maior parte de suas necessidades educacionais internamente.
O documento divulgado pelo Banco Mundial mostra que países como o Vietnam e a Costa Rica oferecem lições valiosas.
Ambos fizeram investimentos avultados em formação docente e em políticas educacionais inclusivas, resultando em melhorias substanciais na qualidade da aprendizagem.
Embora a África Subsaariana enfrente desafios únicos, programas piloto em países como Quénia e Senegal mostram que investimentos bem direccionados podem gerar impactos transformadores.
Investimentos necessários
O relatório enfatiza a importância de investir em professores capacitados, infraestrutura adequada e materiais didácticos de qualidade. Programas de alimentação escolar e apoio psicossocial também são essenciais para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e sustentável. A tecnologia pode desempenhar um papel transformador, ampliando o alcance de recursos educacionais e facilitando a capacitação de docentes.
A África Subsaariana é a região mais jovem do mundo, com uma crescente população de jovens.
Aproveitar esse “bónus demográfico” depende directamente de oferecer educação de qualidade que prepare os jovens para o mercado de trabalho. Habilidades digitais, pensamento crítico e empreendedorismo são áreas-chave para garantir que as novas gerações contribuam significativamente para suas economias locais e globais.
Cooperação internacional e local
Para alcançar a meta de educação universal até 2030, parcerias eficazes entre governos, organizações internacionais e comunidades locais são cruciais, aponta o documento do Banco Mundial. Políticas educacionais sólidas, acompanhadas de financiamento sustentável, são indispensáveis para superar os desafios regionais. Além disso, os programas devem ser sensíveis às necessidades culturais e contextuais das diferentes comunidades.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1200 de 27 de Novembro de 2024.