"O mercado espera um novo corte de 25 pontos base (p.b.) na principal taxa dos fundos federais", lê-se na análise da Allianz GI, ainda que admitindo que "a orientação futura do banco pode sugerir menos cortes nas taxas", ou até que surjam mais tarde, "pelo menos em relação ao que era esperado há algumas semanas".
Os analistas da financeira ING acreditam igualmente que a Fed deve cortar os juros em 25 pontos base, mas também que pode sinalizar um caminho mais lento daqui em frente, nomeadamente tendo em conta as intenções políticas anunciadas por Donald Trump.
"Com a inflação a permanecer firme e o presidente eleito Trump com o objectivo de fortalecer o desempenho do crescimento dos EUA, a Fed está pronta para sinalizar um perfil de flexibilização de política mais cauteloso para 2025", lê-se na nota de análise.
O BPI Research partilha desta visão, tendo a expectativa de que "a Fed adopte um tom mais cauteloso na sua estratégia de flexibilização monetária nos próximos meses".
"Esta cautela não implica uma mudança de estratégia", indica o departamento de research do banco, salientando que "a robustez da actividade e os riscos para as políticas futuras da nova administração da Casa Branca permitem que a Fed avance sem demasiada pressa".
Na reunião de Novembro, a Fed reduziu as taxas em 25 pontos base para um intervalo de 4,50% a 4,75%, tal como amplamente esperado.
Como destaca a Xtb, numa nota de análise, o presidente da Fed, Jerome Powell, referiu que os dados recentes apontavam para uma sólida expansão económica e que a inflação "progrediu em direcção ao objectivo de 2% do Comité, mas permanece ligeiramente elevada".
"Desde a redução da taxa de juro pela Fed em Novembro, os dados relativos à inflação nos EUA têm estado alinhados com as expectativas, aumentando a confiança de que a inflação continua numa trajectória descendente", indica a Xtb, pelo que "a expectativa é que a Fed efectue um corte de 25 p.b. na taxa na reunião de Dezembro".
BCE também deve descer taxas de juro
Do lado do Banco Central Europeu a perspectiva é, também, de descida de taxas de juro.
"Se os dados que nos chegam continuarem a confirmar o nosso cenário de base, que prevê o regresso da inflação ao objectivo de 2% em 2025 na Zona Euro, a direcção é clara: tencionamos reduzir ainda mais as taxas de juro", declarou Christine Lagarde durante um discurso em Vílnius, na Lituânia.
"A actual política monetária continua a ser restritiva", afirmou.
Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) baixou a taxa de referência pela quarta vez desde Junho, fixando-a em 3%.
As taxas do BCE têm um impacto directo sobre as taxas de juro do crédito cobradas pelos bancos às empresas e às famílias.
Os mercados antecipam várias descidas das taxas pelo BCE em 2025, a fim de colocar a taxa de referência em "cerca de 2%", um nível considerado neutro e que não penaliza nem apoia a economia.
De acordo com os analistas consultados pela Agência France Presse, o BCE pode seguir esta via porque o ambiente na Zona Euro mudou desde que a inflação atingiu mais de 10% no Outono de 2022.
Dois anos mais tarde, a preocupação prende-se com "perspectivas de crescimento mais fracas do que o esperado e com o aumento da incerteza associada a eventos geopolíticos", afirmou Lagarde.
Confiante num regresso "sustentável" da inflação, o BCE pretende aplicar uma política de taxas de juro "adequada", em função dos dados económicos.
É possível "regressar a uma situação em que o horizonte da política (monetária) possa ser ajustado de acordo com a natureza, a escala e a persistência dos choques, conforme necessário", concluiu Lagarde.