Desafios desconhecidos. Um elevado grau de incerteza, em que as crises se acumulam – climática, pandémica e geopolítica – e que, potencialmente, podem desencadear outras e novas crises. Uma inflação galopante e importada. É neste cenário que foi idealizado o Orçamento do Estado de 2023 (OE2023), um dos principais instrumentos de gestão de contingências e das crises, mas também, segundo o governo, para preparar o País para o futuro, tendo como principal objectivo acelerar a agenda que tem por meta fazer de Cabo Verde um País Plataforma (Plataforma internacional de serviços). O OE2023 totaliza o montante de 77.968 milhões de CVE. Do total do orçamento, 77,6% será financiado com receitas internas (impostos e outras receitas), 7,1% com donativos e 15,2% com empréstimos externos. Espera-se um défice de 5,6% (-0,7 pontos percentuais em relação ao projectado para 2022) e um stock da dívida de 133,2% do PIB (-4,9 p.p., comparativamente ao projectado para 2022). O Expresso das Ilhas falou com o Ministro das Finanças, Olavo Correia, para perceber como será o próximo ano económico.
Também em destaque está a entrevista com Ana Graça, a coordenadora do sistema das Nações Unidas em Cabo Verde.
Ana Graça chegou a Cabo Verde em 2018 para coordenar o sistema das Nações Unidas no país. Na hora da despedida a diplomata diz que deixa um Cabo Verde “com a mesma ambição, com a mesma vontade” que encontrou à chegada apesar do contexto internacional ser hoje “muito mais difícil, muito mais incerto”. Depois de Cabo Verde, Ana Graça vai representar a ONU no Panamá.
Também nesta edição olhamos para o mais recente Relatório de Política Monetária do Banco de Cabo Verde.
É um relatório que retrata a conjuntura económica internacional: há um crescimento económico moderado - principalmente dos principais parceiros de Cabo Verde - taxas de inflação em níveis historicamente elevados, aperto das condições monetárias dos principais bancos centrais, aumento da incerteza e pouca confiança dos agentes económicos no geral. No entanto, apesar deste contexto externo desfavorável, o desempenho da economia nacional, este ano, tem sido positivo.
Na Cultura destacamos a conversa com Guenny Pires, realizador de cinema cabo-verdiano residente nos EUA, docente universitário em Los Angeles, que continua “sempre a aprender”. Com um percurso que corre vários continentes e muitos filmes, Guenny Pires falou com o Expresso das ilhas sobre a sua vida e a visão do cinema, numa conversa em que o ponto de partida e chegada são Cabo Verde. O cineasta destaca, no seu olhar sobre o cinema, a função de educar e promover a identidade e cultura, dando projecção às histórias das gentes, que, dentro da sua individualidade, são também a História da Humanidade. E fala sobre as fragilidades, necessidades e oportunidades para desenvolver o cinema em Cabo Verde, nomeadamente sobre os Festivais internacionais de cinema, que, aliás, tem vindo a promover. De recordar que já nos próximos dias 7 a 12, a ilha do Fogo é palco do II DjarFogo International Film Festival (DIFF), do qual Guenny Pires é director-executivo.
Ainda na Cultura damos destaque, também, às festas agrícolas, associadas à colheita dos grãos, são identificadas na história da agricultura desde a Antiguidade. O ciclo da colheita segue o período de formação e maturação dos cereais.