A opinião dos conferencistas foi quase unânime: a transição energética e o combate às alterações climáticas só acontecerá se o que foi prometido em Paris, durante a COP21, se tornar uma realidade.
Segundo anunciaram durante a conclusão da conferência, o valor necessário para o financiamento daqueles dois objectivos - combate às alterações climáticas e transição energética - "é hoje o dobro daquilo que era quando terminou a COP21. Não podemos continuar a esta velocidade".
Nesta reunião que decorreu em Santa Maria, no Sal, foram debatidos, para além dos já referidos, temas como uma nova agricultura para África, a pressão que a sobrepesca faz sobre os oceanos e as consequências que o aquecimento global tem sobre os países africanos e em especial sobre os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês).
De recordar que, durante o evento, a representante da Comissão da União Africana, Josefa L. Sacko, sublinhou que “a pandemia da covid-19 veio exacerbar as vulnerabilidades” do continente africano.
Sacko adiantou igualmente que a comissão está igualmente a “trabalhar na implementação de vários projectos para suportar essas mudanças", mas defendeu que "para construir o Plano de Governação para as Mudanças Climáticas é preciso ter em conta os pontos de vista de todos os governantes dos países participantes da conferência”.
A ONU, hoje, alertou que a falta de cumprimento dos compromissos assumidos em 2015 durante a COP21, em Paris, vão levar a que haja um aquecimento global “catastrófico” de 2,7°C, quase o dobro dos 1,5°C definidos como o limite para evitar os efeitos destrutivos causados pela alteração do clima.
Ao abrigo do Acordo de Paris, cada país devia rever até ao fim de 2020 a sua “contribuição determinada a nível nacional”, mas até 30 de julho, apenas 113 países representando menos de metade das emissões globais de gases com efeito de estufa (49%) apresentaram os compromissos revistos.
Com estas novas promessas, as emissões deste grupo de 113 países, entre os quais os Estados Unidos e a União Europeia, serão reduzidas em 12% em 2030, em relação a 2010, o que a responsável climática da ONU, Patricia Espinosa, considerou um “vislumbre de esperança” que não apaga, no entanto, o “lado sombrio da equação”.
“No geral, os números das emissões de gases com efeito de estufa vão na direção errada”, lamentou Sacko.