A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta feita pelo correspondente em Genebra do jornal O Estado de S.Paulo, e al-Hussein considerou explicou que no curto prazo o discurso de Bolsonaro é um "perigo" para certas parcelas da população do Brasil e tem potencial para se tornar igualmente um perigo para "o país todo" no longo prazo.
Zeid Reida al-Hussein falava numa conferência de imprensa em Genebra, de apresentação do balanço do seu mandato de quatro anos à frente da agência da ONU para os Direitos Humanos.
Al-Hussein, cujo mandato no cargo termina dia 31 de Agosto, referiu-se as constantes declarações de Bolsonaro contra o respeito aos direitos humanos no país, e considerou que a popularidade dos discursos contra os direitos humanos, defendido pelo candidato são uma resposta às incertezas mundiais.
"Quando as pessoas estão ansiosas, quando existem incertezas económicas, globais ou não, por conta da crise nas matérias-primas nos últimos anos, ao dar uma resposta simplista e tocando nas emoções naturais das pessoas - e talvez olhando para uma liderança mais forte, firme - é uma combinação bastante poderosa", disse.
Bolsonaro, segundo colocado nas sondagens de intenção de voto para as eleições de Outubro no Brasil, chegou a afirmar na semana passada que se for eleito Presidente pretende retirar o país do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Além de comentar a ascensão deste candidato conservador entre o eleitorado brasileiro, Al-Hussein foi questionado sobre o possível corte de financiamento dos Estados Unidos à organização.
"O Alto Comissariado continuará a sobreviver", afirmou, salientando também que "o que não se quer ver é uma série de retiradas e retiradas de fundos".
Os Estados Unidos são o maior doador da ONU, garantindo cerca de 22% do orçamento da organização.
Zeid Reid al-Hussein também aproveitou a conferência de imprensa para pedir que a rede social Facebook seja mais "proactiva" contra a propagação de discursos de ódio e disse estar preocupado com o facto do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter acusado o Google, Facebook e Twitter de falta de imparcialidade para com ele.