Acompanhado de dezenas de jovens, vestidos com camisolas do PRS e pelos candidatos a deputado em Farim, Alberto Nambeia entrou antes na sede do Movimento de Alternância Democrática (Madem) e de seguida na do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), para depois se dirigir ao local onde presidiu a um comício.
“Independentemente de quem ganhar, somos todos guineenses e este país pertence-nos a todos”, disse à Lusa o líder do PRS, antes de dar abertura a acção de campanha em Farim, terra natal de Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC.
Ao comício de Alberto Nambeia assistiram sobretudo jovens que se mostravam confiantes na vitória no partido, que todos consideram ser “bom para os guineenses”, por se “preocupar com as pessoas do campo”.
Se o PRS ganhar, Mariama Seidi quer que o parido fundado por Kumba Ialá “faça coisas”, nomeadamente construa escolas, hospitais e que faça com que Farim deixe de ter energia eléctrica só das 19h00 às 20h00, como tem acontecido desde “há muitos anos a esta parte”.
Bubacar Sonco, jovem com 19 anos que vai estrear-se no ato de votar, pede emprego para a juventude e ainda espera que Alberto Nambeia “faça paz na Guiné-Bissau”. Nambeia é apresentado nos cartazes do seu partido como homem de paz.
A conversa com os jovens entusiastas na vitória do PRS decorria ao lado da sede do partido, junto ao cais do porto de Farim que aguarda por um financiamento de cerca de 18 milhões de dólares para ter uma ponte a ligar as duas margens do rio, separadas por cinco minutos de uma travessia que é assegurada por uma barcaça ou por canoas com motor fora de borda.
É essa ponte que um grupo de adolescentes, Mariama Turé, 14 anos, Seni Sano, 17 e Fatu Sadjo, de 15, clamam pela construção “para tirar Farim do isolamento”. As três jovens não têm idade para votar — a lei guineense só o permite a partir dos 18 — mas confiam na vitória eleitoral do PRS.
Todas são habitantes do popular bairro de Morcunda, que fica no centro de Farim, mas esta quarta-feira decidiram descer até a zona do porto para ver o PRS em acção. Além das três adolescentes, a sede do partido estava literalmente inundada de bicicletas, motos e carros novos com cartazes e bandeiras do PRS.
Braima Baldé, 38 anos, não recebeu nenhum meio de transporte do partido e nem tem a certeza sobre o vencedor das eleições de domingo, mas espera que o próximo governo “cumpra com o que prometeu” ao povo, que disse, “sempre fez a sua parte”. De boné dos renovadores na cabeça e olhar determinado, Baldé diz que desconfia das promessas de campanha que têm sido feitas por todos os partidos que chegam a Farim para comícios por estes dias.
Militante convicto na vitória no domingo, Lamine Candé, 43 anos, disse seguir as pisadas do pai de quem “tomou o lugar” após este ter falecido. “Gosto do PRS. O meu pai foi do PRS, morreu há cinco anos eu tomei o lugar dele no partido”, afirmou Candé que tem a esperança de ver um dia Farim com hospital, banco, escolas, ponte sobre o rio e electricidade, frisou.
Siren Banora, que não sabe a idade, foi contratada para cozinhar pelos militantes do partido de Alberto Nambeia. Ela é de Farim, mas fez questão de salientar não ser militante do PRS, mas quer que o próximo governo construa a ponte, que espera ver de pé antes de morrer, e que as estradas da vila sejam alcatroadas “como no tempo do tuga” (na era colonial). Banora e outras mulheres cozinham, em panelas gigantes, a céu aberto, debaixo de uns mangueiros mesmo ao lado de muro de vedação do Clube Recreativo e Desportivo de Farim.
Jovens militantes comem em pratos de plástico. Bebem vinho de palma (seiva da palmeira), dançam ao som da música que sai das caixas do som na sede do partido de Alberto Nambeia que fica ali ao lado. Um jovem animador apelava os militantes para que se dirigissem para o local do comício, um descampado, a escassos 10 metros da sede do partido.
Sem dar cavaco aos apelos do animador, um outro grupo de mulheres militantes cozinha diante das instalações da antiga central eléctrica, com muito fumo a sair debaixo das enormes panelas aquecidas a lenha.
Já o comício decorria, com Nambeia a informar aos habitantes de Farim e arredores o que o PRS vai fazer se for governo, rapazes jogam a bola bem ao lado das duas cozinhas improvisadas e algumas mulheres, que não tinham nada que ver com a festa partidária, tentavam atravessar, na velha barcaça, o outro lado do rio, transportando muita hortaliça.
“Nós vamos vender tomates em Bissau, é daqui que tiramos o nosso sustento, não queremos saber da política para nada”, enfatizava Djuma Mandjan, numa conversa com a Lusa.