De acordo com o jornalista, a chave para os próximos anos está na forma como o futuro Chefe Estado escolher exercer o mandato.
“A democracia guineense nasceu de forma atrofiada e cheia de vícios. O que pode acontecer é que estas eleições não sejam o elemento de estabilização do país”, comenta.
“Há micropoderes. O próximo Presidente da República deve desincentivar os pequenos movimentos, que durante cinco anos viveram perto do poder e beneficiaram do poder. Se não conseguir isso, vai ser difícil conseguirmos estabilizar o país”, antecipa.
Mais de 700 mil guineenses votam domingo, 24 de Novembro, para escolher o inquilino do palácio presidencial. Doze candidatos disputam a eleição, entre os quais o actual Presidente, José Mário Vaz. A campanha termina hoje (22). Uma possível segunda volta está agendada para 29 de Dezembro.
O candidato apoiado pelo segundo maior partido guineense, Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Úmaro Sissoco Embaló, denunciou nos últimos dias uma alegada tentativa de fraude, protagonizada pela principal força política, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que apresenta a votos o seu líder, Domingos Simões Pereira. Sissoco pondera não aceitar os resultados.
Ao Expresso das Ilhas, António Nhaga admite a possibilidade de contestação do escrutínio. Para o bastonário da Ordem dos Jornalistas, só isso poderá comprometer o normal andamento do processo eleitoral.
“As condições estão reunidas. Mesmo a nível das Forças Armadas e da Ecomib [destacamento militar da CEDEAO, estacionado em Bissau], não há nenhuma relação de tensão. Onde pode haver problemas é na aceitação dos resultados eleitorais. Estão-se a tentar criar condições para não se aceitar os resultados”, teme.
Depois de cinco anos de permanente tensão política entre partidos, parlamento, governo e Presidência, a expectativa na capital guineense é de confirmação de um novo ciclo, aberto com as eleições legislativas de Março, que resultaram na nomeação de um governo de coligação, liderado pelo PAIGC e encabeçado por Aristides Gomes. Espera-se que a eleição do Presidente da República signifique um virar de página definitivo.
“Queremos estabilização. O próximo Presidente da República deverá desincentivar este vício de pessoas que não querem prestação de contas. Há pessoas que não querem o funcionamento das instituições e nós não podemos continuar nisto. Não pode ser uma democracia em que todos querem saltar ao poder, a bel-prazer, por vias não democráticas”, declara António Nhaga.
A 24 de Novembro, a Guiné-Bissau escolhe o quinto Chefe de Estado eleito democraticamente.
Os deputados cabo-verdianos, Georgina Gemiê (MpD) e João Baptista Pereira (PAICV) estão em Bissau, integrados na missão de observadores da CPLP.
*com Fretson Rocha (Rádio Morabeza)