Guaidó anunciou ainda que proximamente haverá um encontro com líderes mundiais, na Venezuela, para tratar da crise no país.
“Os nossos aliados disseram-nos que é prematuro. Temos dito, responsavelmente, que temos um plano e que temos construído as capacidades, mas os nossos aliados disseram que é prematuro”, disse.
Juan Guaidó falava para milhares de simpatizantes que hoje se concentraram no leste de Caracas, em protesto pelas falhas de electricidade, contra a falta de água e o colapso dos serviços básicos e para um simulacro da “operação liberdade”, para exigir uma mudança de regime no país.
O líder opositor insistiu que activar o artigo 187 da Constituição da Venezuela, que permite ao parlamento (onde a oposição detém a maioria) autorizar o uso de missões militares venezuelanas no exterior ou estrangeiras no país, seria “fazer verosímil uma saída, que não podemos sozinhos”.
“Temos o apoio do mundo. Não há marcha atrás. Agora, esta fase da operação liberdade tem um elemento adicional que hoje anunciamos. Faremos um encontro mundial de líderes para falar da crise humanitária, das soluções e do câmbio”, disse.
Por outro lado, acusou o regime de esconder-se perante as mobilizações da população, de responder com “repressão e paramilitares armados”, sublinhando que cada vez está mais perto uma saída e que “Miraflores (o palácio presidencial) treme” cada vez que os venezuelanos protestam.
Sobre as recentes sanções dos EUA contra barcos e empresas que transportam petróleo venezuelano a Cuba, sublinhou que chegou ao fim o “chuleio” e os envios a Havana.
“Acabou-se o chuleio de petróleo da Venezuela. Assim que, senhor Díaz-Canel (presidente de Cuba), a única ingerência que não permitimos é a que quer fazer o seu G2 (serviços secretos) na Venezuela. Por isso, não mais petróleo da Venezuela. Com o petróleo financiavam a ingerência e não o permitiremos”, disse.
Por outro lado, anunciou que no domingo realiza-se uma reunião com empregados públicos, para activarem a operação liberdade naquele sector, e que na quarta-feira realizam-se protestos em diferentes cidades venezuelanas.
Guaidó, que também é presidente do parlamento, instou os venezuelanos a criarem, de imediato, “comandos de ajuda”.
Às Forças Armadas exigiu a detenção dos “paramilitares armados” que atacam a população e denunciou que foram “sequestrados quatro camiões de som”, que seria utilizado na concentração.
Os venezuelanos manifestaram-se hoje em 356 locais da Venezuela contra o colapso dos serviços básicos, a falta de luz e de água.
Em Caracas, o ponto final da manifestação opositora foi mudado da sede da Corpoelec, em El Marques, para o Centro Comercial Líder.
No interior do país, vários protestos foram reprimidos fortemente pelas forças de segurança, em particular pela Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), entre eles nas cidades de Maracaibo e Barquisimeto.
A Venezuela encontra-se mergulhada numa crise económica, social e política que se agudizou no início deste ano, quando, em 10 de Janeiro, Nicolás Maduro tomou posse como Presidente da Venezuela, para cumprir um segundo mandato de seis anos, após umas eleições não reconhecidas pela oposição e pela maior parte da comunidade internacional.
No mesmo mês, o presidente do parlamento venezuelano e líder da oposição, Juan Guaidó, autoproclamou-se presidente interino do país, com a intenção de, a breve trecho, convocar “eleições livres e transparentes”.