O director-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, está desde esta segunda-feira em Moçambique a acompanhar as acções da agência no país na sequência da passagem de dois ciclones em 2019.
Para António Vitorino é essencial reconhecer a eficiência da resposta nacional após o ciclone Idai, que afectou a região central em meados de Março, e o ciclone Kenneth que seis semanas depois assolou o norte de Moçambique.
Falando a jornalistas, o chefe da OIM elogiou a resposta internacional aos desastres, mas destacou que é essencial “não esquecer a Beira e Cabo Delgado”, as áreas mais afectadas pelas tempestades tropicais.
Ao ser questionado como Moçambique poderia servir de exemplo para mobilizar os participantes no Encontro de Cúpula do Secretário-Geral da ONU para a Acção Climática, o representante disse que esse caso deve sensibilizar os países sobre a emergência climática.
“A cimeira vai ter um papel muito importante ao chamar a atenção para um fenómeno global que afecta todo o mundo de igual forma, mas não de igual modo. Todo o mundo está confrontado com o desafio colectivo de evitar a degradação das condições ambientais e que as alterações climáticas produzam resultados muito negativos para as vidas das pessoas e para as economias dos países. Mas é também uma oportunidade na Assembleia Geral das Nações Unidas e na Cimeira do Clima, convocada pelo secretário-geral da ONU para pôr o foco específico nos impactos que as alterações climáticas têm nas migrações e na mobilidade das pessoas.”
Para a reunião internacional, que será realizada na sede da ONU, a 23 de Dezembro, o secretário-geral já apelou a todos os líderes a participar com acções ambiciosas, baseadas em planos concretos.
Para o caso de Moçambique, Vitorino disse que após a passagem dos dois desastres este ano é preciso garantir o apoio humanitário e a resposta às necessidades dos afectados.
“Seja nos países onde as alterações climáticas significam uma subida das águas do mar, seja nos países onde estas signifiquem seca persistente e esgotamento dos modos de produção agrícola tradicionais, seja nos países onde as alterações climáticas se traduzem em cheias ou em terramotos, tremores de terra, que afectam a vida das pessoas.”
Em Moçambique, o chefe da OIM deve visitar populações em áreas afectadas pelos impactos dos ciclones tropicais.
Vitorino teve um encontro com o presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi. A reunião abordou temas como políticas migratórias, acolhimento de moçambicanos no exterior, a situação de Moçambique como rota de trânsito e formas de lidar com fluxos migratórios.