Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25% para 30%, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China.
A subida estava originalmente marcada para o dia 01 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China.
A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington.
A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais.
Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.
Um primeiro período de tréguas colapsou em maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente.
No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos.
Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial.
No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25% sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos.
A aplicação de taxas sobre produtos agrícolas, e a soja em particular, é uma forma de Pequim penalizar directamente Trump, já que é na América rural que estão concentrados muitos dos seus eleitores.
No cerne da guerra comercial está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.
Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.