"AOIM está profundamente preocupada com a rápida deterioração da situação humanitária no norte da Síria, onde combates intensos estão a deslocar centenas de milhares de civis", disse a organização liderada pelo português António Vitorino numa nota hoje divulgada na sua página na Internet.
Segundo a OIM, citando dados fornecidos por parceiros humanitários, cerca de 190 mil pessoas terão fugido das respectivas casas no nordeste da Síria desde o início da mais recente ofensiva militar turca naquele território, na passada quarta-feira.
"Todas as partes do conflito devem cumprir o Direito Humanitário Internacional. Os funcionários humanitários devem ter acesso aos deslocados, de forma a prestar assistência médica urgente e de salvamento de vidas", apelou o director-geral da OIM, António Vitorino, citado na nota informativa, reforçando que a ajuda humanitária é "urgentemente necessária" nas áreas afectadas pelos confrontos.
A OIM referiu que está preparada para ampliar a sua resposta humanitária naquela região, caso o número de pessoas deslocadas aumente e consequentemente as respetivas necessidades de assistência e de segurança.
"O ciclo de deslocamentos sucessivos é particularmente preocupante. As operações militares continuadas terão consequências devastadoras para os sete milhões de pessoas que vivem no norte da Síria", salientou Vitorino.
A OIM lembrou que muitos dos 6,1 milhões de deslocados internos verificados na Síria têm sido forçados a fugir das respectivas casas diversas vezes, em alguns casos após um regresso às respectivas comunidades.
Entre maio e agosto deste ano, os combates, neste caso no noroeste da Síria, obrigaram ao deslocamento de cerca de 400 mil sírios.
Sobre a actual ofensiva turca e os meios destacados no terreno, a OIM relatou que, na segunda-feira, equipas de avaliação e resposta rápida da organização (designadas como RART, na sigla em inglês) foram enviadas para Sahela, na região curda no Iraque, e prestaram assistência a um grupo de 182 pessoas que tinham fugido dos confrontos no nordeste sírio e entrado naquele território por pontos de entrada não oficiais.
A acompanhar estas equipas da OIM, estavam dois médicos e um psicólogo.
O grupo de 182 pessoas foi transportado posteriormente para acampamentos erguidos naquela zona, onde, segundo os deslocados, já estavam instalados alguns dos seus familiares e amigos.
A OIM lembrou ainda que apoia os deslocados sírios e as comunidades anfitriãs desde o início do conflito na Síria, em 2011.
A Turquia lançou na quarta-feira (dia 09 de Outubro) uma operação militar, que inclui alguns rebeldes sírios, contra a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), grupo que considera terrorista, mas que é apoiado pelos ocidentais para combater o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Ao sétimo dia da ofensiva turca no nordeste da Síria, as forças de Ancara já tomaram uma faixa fronteiriça de perto de 120 quilómetros.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) divulgou um balanço com 70 civis mortos, assim como 135 combatentes das YPG e 120 combatentes pró-turcos.
Ancara deu conta da morte de cinco soldados turcos, um dos quais já hoje.