Após várias horas de negociações e múltiplas concessões dos ocidentais desde finais de Dezembro, uma resolução da Alemanha e da Bélgica foi adoptada nesse sentido por 11 votos a favor e a abstenção de quatro países, Rússia, China, Estados Unidos e Reino Unido.
A autorização transfronteiriça, até agora renovada anualmente pela ONU desde 2014 com quatro postos fronteiriços e à margem de uma autorização de Damasco, expirava na noite de hoje.
Em 20 de Dezembro, os 15 membros do Conselho de Segurança (CS) dividiram-se na sequência de um duplo veto da Rússia e da China a um prolongamento da ajuda por um ano e através de três pontos de entrada, dois na Turquia e um no Iraque, proposto pelos europeus.
Um texto alternativo da Rússia, que pretende que seja reconhecido o controlo do território sírio por Damasco, não obteve a maioria necessária de nove votos em 15 para ser adoptado. A proposta russa apenas previa dois pontos de entrada na fronteira turca e uma autorização limitada a seis meses, que hoje acabou por ser aceite.
Após uma semana de negociações inconclusivas, quatro reuniões designadas "P5" (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança), a Alemanha e a Bélgica propuseram na quinta-feira no CS um texto divulgado pela AFP e que se aproximava da posição russa, mas com algumas diferenças.
A proposta sugeria a manutenção dos três pontos de passagem fronteiriços, dois com a Turquia e um com o Iraque. Os co-autores renunciaram a um pedido de aplicação por um ano e pediam um prolongamento de seis meses, até 10 de Julho.
À semelhança de Dezembro, a Rússia avançou ainda na quinta-feira com uma contraproposta e retomou o seu pedido de apenas autorizar dois pontos de passagem com a Turquia, por seis meses, e hoje conseguiu fazer prevalecer a sua posição.
Em 01 de Janeiro, cinco novos membros não permanentes (Vietname, São Vicente, Granadinas, Tunísia, Níger e Estónia) assumiram funções no CS, e previa-se que Rússia dispusesse, com alguns destes Estados, de melhores perspectivas para obter nove votos e adoptar o seu texto, como veio a suceder.
A ajuda transfronteiriça é dirigida a vários milhões de sírios, incluindo três milhões na região de Idleb, noroeste da Síria, último bastião da oposição de grupos 'jihadistas' e onde o exército russo anunciou ainda na quinta-feira um novo cessar-fogo.