Segundo a instituição presidida por David Malpass, é o primeiro aumento em mais de 20 anos, já que à pandemia de covid-19 se associam as alterações climáticas e situações de conflito em vários pontos do globo.
"A pandemia e a recessão global podem causar que mais de 1,4% da população mundial caia na extrema pobreza", disse Malpass, citado em comunicado da organização.
De acordo com o relatório, a pandemia deverá empurrar "mais 88 a 115 milhões de pessoas para a extrema pobreza este ano, com o total a chegar aos 150 milhões em 2021, dependendo da severidade da contracção económica".
A extrema pobreza é definida conceptualmente como a vivência com menos de 1,90 dólares (cerca de 177 escudos) por dia e deverá afectar cerca de 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020, segundo o relatório divulgado.
Os números "representariam um regresso à taxa de 9,2% em 2017", e segundo o Banco Mundial, caso não tivesse existido a pandemia, a taxa deveria baixar para 7,9%.
"De forma a reverter este retrocesso sério ao desenvolvimento do progresso e à redução da pobreza, os países vão ter que se preparar para uma economia diferente depois da covid-19, ao permitir que o capital, o trabalho, as competências e a inovação se movam para novos negócios e sectores", considerou o presidente do Banco Mundial.
Segundo o relatório, "muitos dos novos pobres estarão em países que já têm altas taxas de pobreza", e "um número de países com rendimentos médios verão números significativos de pessoas passarem para baixo da linha da extrema pobreza", estimando que 82% do total serão nesses países.
O Banco Mundial afirma também que a pandemia, aliada aos conflitos e às alterações climáticas "colocarão o objectivo de acabar com a pobreza em 2030 inalcançável" caso não haja uma implementação de políticas "rápida, significativa e substancial".
Além da linha dos 1,90 dólares, o Banco Mundial também mede linhas de pobreza nos 3,20 dólares e 5,50 dólares (300 e 515 escudos, respectivamente), estimando que "quase um quarto da população mundial viva abaixo da linha dos 3,20 dólares e mais de 40% da população mundial - quase 3,3 mil milhões de pessoas - vivam abaixo da linha dos 5,50 dólares".
Também a prosperidade partilhada (aumento dos rendimentos nos 40% mais pobres de cada país) deverá sentir efeitos devido à pandemia, de acordo com a instituição sediada em Washington.
"A média global da prosperidade partilhada deverá estagnar ou mesmo contrair no período 2019-2021 devido à redução do crescimento nos rendimentos médios", aponta o Banco Mundial.
Segundo a instituição, "a desaceleração da actividade económica intensificada pela pandemia deverá atingir as pessoas mais pobres de forma especialmente forte, e isto poderia levar a indicadores de prosperidade partilhada ainda mais baixos nos próximos anos".
O relatório apela ainda à acção colectiva para contrariar os indicadores mais negativos, de forma a "assegurar que os anos de progresso na redução da pobreza não são apagados".