Terceira vaga assola Europa

PorExpresso das Ilhas,27 mar 2021 8:18

Alguns países levantam o desconfinamento, outros aumentam restrições: a Europa vive a múltiplas velocidades a pandemia da covid-19. França, Alemanha e Itália voltam a implementar confinamentos e recolhimento obrigatório, enquanto Portugal e Dinamarca tentam um gradual levantamento de restrições.

A incidência de casos no continente europeu aumentou 34% em três semanas e a OMS já alertou para a necessidade de não flexibilizar as medidas que evitam o contágio. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os números mais elevados verificaram-se em França, Itália e Polónia, países que ou estão a estudar novos confinamentos, ou já os colocaram em prática.

As razões para esta subida parecem ser, por um lado, a propagação de variantes, como a britânica, mais infecciosas, numa fase em que os países começaram a aliviar algumas medidas de controlo e, por outro, o atraso do esforço de vacinação, agravado pela suspensão temporária da vacina da AstraZeneca.

França

Em França, a possibilidade de uma terceira vaga à boleia das novas variantes preocupa as autoridades de saúde, particularmente na região de Paris. Após um surto de infecções que deixou os hospitais da capital quase saturados, as autoridades contemplam novas restrições, que podem chegar a um novo confinamento domiciliário.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que a França está a entrar “numa espécie de terceira vaga”, ao mesmo tempo que as autoridades sanitárias gaulesas aprovaram a possibilidade de as pessoas realizarem os seus próprios testes.

O governo, entretanto, anunciou “medidas adicionais nos territórios mais afetados” pela epidemia de covid-19. Entre esses territórios está a região de Paris, a mais populosa com 12 milhões de habitantes, onde a circulação do vírus acelera há semanas, marcada pela propagação das novas variantes.

Para conter esta possível terceira vaga, o governo francês está a considerar diferentes cenários, entre eles um confinamento na região da capital durante os finais de semana, ou permanentemente.

Itália

Em Itália, a situação é semelhante à vivida há um ano em algumas zonas do país, tendo quase 40 milhões de italianos iniciado, na semana passada, um novo confinamento devido ao aumento das infeções por causa das variantes do novo coronavírus.

Praças, parques e praias são rigorosamente controlados, pois teme-se que o pico de infeções passe de 26.000 casos por dia para 40.000 no final do mês. “As medidas foram adotadas com base em evidências científicas, os dados exigem cautela”, explicou Mario Draghi, ao aprovar o seu primeiro confinamento como chefe de governo.

Dois italianos em cada três, numa população de 60 milhões, residentes em 11 das 20 regiões, terão de permanecer confinados até 6 de Abril na chamada “zona vermelha”. O resto do país encontra-se numa zona de risco intermédio, com exceção da ilha da Sardenha, que quase não tem limitações. Para além disso, o Executivo decidiu por decreto confinar todo o país de 3 a 5 de Abril, a fim de evitar concentrações durante a Páscoa e as celebrações da Semana Santa.

Espanha

Em Espanha, a tendência tem sido de diminuição do número de novos contágios, mas a estabilização do nível de incidência acumulada deixa as autoridades em alerta: passou de 129 para 127,80 casos diagnosticados por 100.000 habitantes, o que já não se verificava desde o final de Janeiro.

Apesar dos planos para aliviar as restrições, o executivo espanhol não quer correr riscos na Páscoa, tendo o Governo central e as comunidades autónomas chegado a acordo sobre uma série de medidas mínimas que todas as regiões devem cumprir durante a Semana Santa.

Para além disso, durante a Páscoa os espanhóis não vão poder sair das suas comunidades autónomas, haverá um recolher obrigatório das 23h00 até às 06h00, bem como a limitação das reuniões em espaços públicos e privados. Apenas as Canárias e a Ilhas Baleares ficam isentas de seguir estas regras.

Alemanha

Na Alemanha, teme-se também a chegada de uma terceira vaga, já que o número de casos tem vindo “aumentar exponencialmente”, como alertou Dirk Brockmann, epidemiologista do Instituto Robert Koch (RKI), à emissora alemão ARD.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e os líderes regionais concordaram, no início deste mês, em iniciar uma reabertura gradual de empresas não essenciais, bem como museus e outras instituições culturais.

Foram também estabelecidos diferentes níveis de desconfinamento para regiões onde a incidência está abaixo ou acima de 50 casos semanais, definindo que, caso se ultrapasse os 100 positivos em sete dias ou por 100.000 habitantes, regressam as restrições anteriores.

Polónia

O ministro da Saúde da Polónia anunciou, a semana passada, medidas de confinamento para todo o país, face ao recorde de contágios pelo coronavírus.

“Pedimos aos empregadores que permitam o trabalho no domicílio tanto quanto possível”, declarou à imprensa Adam Niedzielski, anunciando igualmente o encerramento dos teatros, cinemas e pavilhões desportivos, assim como da maioria das lojas nos centros comerciais até ao dia 9 de Abril. 

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Países Europeus

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Média de casos por 100 mil habitantes

República Checa – 721

Polónia – 294

Itália – 261

França – 249

Holanda – 213

Roménia – 163

Grécia – 150

Bélgica – 129

Alemanha – 85

Espanha – 73

Reino Unido – 53

Fonte: ECDC, Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças

Total de vacinas aplicadas a cada 100 pessoas

Reino Unido – 36,5

Malta – 25,6

Hungria – 16,4

Dinamarca – 14

Espanha – 11,4

Média da EU – 10,6

Itália – 10,3

França – 10,3

Alemanha – 10,3

Fonte: Our World on Data

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1008 de 24 de Março de 2021. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,27 mar 2021 8:18

Editado porAndre Amaral  em  28 dez 2021 23:20

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