O Governo etíope anunciou ainda, através de uma declaração, que outros 20 elementos do governo estadual, colocados por Adis Abeba para substituir a administração local depois da tomada de Mekele em Novembro de 2020, "foram raptados" e quatro "feridos e hospitalizados".
É a primeira vez que o Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed revela qualquer balanço de ataques das forças tigray, afectas à Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), partido que liderou de facto a Etópia durante décadas, até à chegada de Abiy ao poder em 2018.
Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma operação militar em 4 de Novembro passado contra as autoridades de Tigray, que durante largos meses vinham a desafiar o poder central de várias formas, incluindo a realização de eleições locais, que a TPLF venceu com maioria esmagadora e, não obstante Adis Abeba as ter adiado "sine die", com o argumento da pandemia de covid-19.
A operação foi na altura decidida em resposta a alegados ataques da TPLF a instalações do Exército federal, segundo Adis Abeba, mas, mais de seis meses depois da invasão do território pelas forças federais, as lutas e os abusos continuam em Tigray, onde o espectro da fome ganha terreno há vários meses.
Os ataques aos funcionários da administração provisória foram levados a cabo "por combatentes da TLPF que afirmavam estar a lutar pelo povo de Tigray mas que, em vez disso, se concentraram na destruição de bens, matando e raptando" aqueles "que eram responsáveis por trazer estabilidade à região", afirma a declaração do Governo.
Adis Abeba não forneceu pormenores dos ataques nem especificou se os elementos da administração "raptados" foram entretanto libertados.
Nove funcionários foram mortos na zona nordeste da região e seis na zona central, onde foram relatados combates intensos nos últimos meses, anuncia a declaração, que acusa a TPLF de continuar a "queimar casas e a disparar contra casas".
O primeiro-ministro Abiy Ahmed está sob pressão da comunidade internacional para pôr fim ao conflito, mas tem reiterado não ter intenção de negociar com a liderança da TLPF.
No domingo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou a imposição pelos Estados Unidos da América de restrições de vistos contra funcionários etíopes e eritreus. As restrições aplicar-se-ão igualmente aos membros da TLPF e às forças do estado de Amhara, que faz fronteira com o Tigray, a sul.
As restrições foram denunciadas na segunda-feira pela Etiópia, e na terça-feira pela Eritreia, que disse ter ficado "consternada" com a decisão de Washington.