Num comunicado a que a Inforpress teve acesso, a CEDEAO anuncia uma cimeira extraordinária nos próximos dias para examinar esta situação.
“A CEDEAO observa que, apesar dos apelos da comunidade regional e internacional à calma e respeito pela legalidade constitucional, a situação em Burkina Faso é caracterizada por um golpe militar nesta segunda-feira, 24 de Janeiro de 2022, após a renúncia do presidente Roch Marc Christian Kaboré, obtido sob ameaça, intimidação e pressão dos militares após dois dias de motim”, refere o documento feito em Abuja.
O Presidente do Burkina Faso, Roch Kaboré, demitiu-se hoje após a tomada do poder pelos militares, na sequência do golpe de Estado de domingo.
Numa carta divulgada pela televisão estatal RTB, citada pela Agência Lusa, Kaboré, de 64 anos, disse que se demitia dirigindo-se ao novo homem forte do país, o tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba.
“No interesse da nação, na sequência dos acontecimentos de domingo, decidi demitir-me das minhas funções de Presidente (…), chefe de governo e comandante supremo das Forças Armadas Nacionais. Deus abençoe o Burkina Faso”, escreveu.
A carta de Kaboré, que governou aquele país da África Ocidental desde 2015, foi divulgada após os militares terem confirmado na segunda-feira à noite na televisão estatal, através da leitura de dois comunicados, a tomada do poder e anunciado tanto a dissolução do Governo e do parlamento, como a suspensão da Constituição.
Em nome do Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR), um porta-voz disse que a decisão de derrubar Kaboré foi tomada “com o único objectivo de permitir ao país regressar ao caminho certo e reunir todas as forças para lutar pela sua integridade territorial (…) e soberania”.
“Face à contínua deterioração da situação de segurança que ameaça as fundações da nossa nação, à manifesta incapacidade de Roch Marc Christian Kaboré de unir o Burkina Faso para lidar eficazmente com a situação, e seguindo as aspirações dos diferentes estratos sociais da nação, o MPSR decidiu assumir as suas responsabilidades perante a história”, acrescentou.
Os golpistas também anunciaram o encerramento das fronteiras aéreas e terrestres e o estabelecimento de um recolher obrigatório das 21:00 às 05:00 em todo o país “até nova ordem”.