O apelo dos Estado Unidos surge depois de o Presidente e líder golpista do Mali, coronel Assimi Goïta, ter assinado na terça-feira um decreto que estabelece um período de transição de dois anos "a partir de 26 de Março", um prazo mais longo do que o exigido.
"Apelamos ao governo de transição do Mali para que tome medidas sustentadas e tangíveis para a realização de eleições, incluindo parâmetros de referência detalhados e a adopção da lei eleitoral o mais rapidamente possível", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.
Em conferência de imprensa, Ned Price salientou que "processos transparentes e inclusivos que respeitem as diversas perspectivas e liberdades são fundamentais para lançar bases firmes para o futuro", antes de reiterar o seu compromisso de apoiar o processo de transição para promover um futuro de governação democrática que seja responsável perante o povo maliano.
"Aplaudimos o compromisso da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de continuar a interação com as autoridades malianas para apoiar os esforços para restabelecer o mandato constitucional", salientou.
Disse ainda que os EUA encorajam o Mali e a CEDEAO a chegarem a um acordo, em particular, sobre um mecanismo de supervisão robusto e com parâmetros de referência tangíveis para o que resta da transição.
A própria CEDEAO disse na quarta-feira que "lamenta" a decisão da junta de prorrogar a transição, aprovada por Assimi Goïta, acrescentando que continuará os seus contactos com Bamako para estabelecer um calendário "mutuamente aceitável".
Goita liderou em Agosto de 2020 um golpe contra o então Presidente, Ibrahim Boubacar Keïta, e, posteriormente, liderou um segundo golpe de Estado, em Maio de 2021, contra as autoridades de transição.
A CEDEAO, que em Janeiro impôs sanções severas contra o país por violar o seu compromisso de realizar eleições em Fevereiro, decidiu no fim de semana adiar até à sua cimeira do próximo mês possíveis novas medidas contra Bamako.
O organismo tinha pedido às autoridades que revissem o seu calendário de transição proposto, tendo indicado que seria aceitável um período entre 12 e 18 meses.