“Este continente emite apenas quatro por cento das emissões globais, mas sofre alguns dos piores efeitos do aumento das temperaturas globais: calor extremo, inundações implacáveis e dezenas de milhares de mortes devido a secas devastadoras”, afirmou António Guterres no seu discurso de abertura no segundo dia da cimeira, coorganizada pelo Governo queniano e pela União Africana (UA).
O chefe da ONU afirmou que, mesmo assim, “ainda é possível evitar os piores efeitos” da crise climática, embora seja necessário um “salto qualitativo” na “ação climática” e mais “ambição”, especialmente por parte dos países desenvolvidos, que devem reduzir as suas “emissões líquidas para perto de zero” até 2040.
Os países desenvolvidos devem também “cumprir a sua promessa” de destinarem 100 mil milhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento, o que permitirá às nações africanas garantir o acesso a sistemas de eletricidade verde a preços acessíveis e criar sistemas de alerta precoce para fenómenos meteorológicos extremos.
Guterres apelou igualmente à “correção do rumo do sistema financeiro global”, garantindo um “mecanismo eficaz de alívio da dívida” a taxas acessíveis.
“O sistema financeiro mundial tem de ser um aliado dos países em desenvolvimento na condução de uma transição ecológica justa e equitativa que não deixe ninguém para trás”, acrescentou, antes de destacar o potencial de África para se tornar “um líder mundial em energias renováveis”.
“A África possui 30% das reservas minerais essenciais para as tecnologias renováveis e de baixo carbono, como a energia solar, os veículos elétricos e as baterias”, recordou.
A abertura do segundo dia da cimeira, que decorre até esta quarta-feira, contou ainda com a presença do presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahammat, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Presidente do Quénia, William Ruto, do Presidente das Comores e chefe rotativo da UA, Azali Assoumani, e do primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly.
No final da cimeira, em que participam mais de vinte chefes de Estado e de Governo africanos, bem como líderes de organizações internacionais, espera-se que seja adotada a chamada “Declaração de Nairobi”, que procura articular uma posição africana comum a levar a diferentes fóruns mundiais.
Os líderes africanos querem construir uma perspetiva unificada que defenderão na cimeira do clima COP28 no Dubai, prevista para o final do ano, mas também na Assembleia Geral da ONU, e junto do G20 ou instituições financeiras internacionais.