Guterres falava este sábado, no final de um encontro com o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, na chefia do governo, em São Vicente, ilha à qual chegou ao princípio da tarde, para uma visita de três dias.
O líder da Organização das Nações Unidas (ONU) pede que sejam cumpridos os compromissos assumidos.
“Tenho defendido com insistência que os países desenvolvidos devem cumprir o compromisso que fizeram em Paris, de garantir 100 mil milhões de dólares todos os anos ao mundo em desenvolvimento. Deveria ter começado em 2020, estamos em 2023 e até agora isso não aconteceu”, exemplifica.
“Tenho defendido a necessidade de duplicar os fundos para a adaptação. Houve um compromisso de dobrar o financiamento, mas ainda não vimos um programa de acção que permita ter a certeza de que isso se vai concretizar”, acrescenta.
O SG realça a ineficácia do Fundo Verde e as dificuldades de acesso encontradas pelas pequenas economias. Ao mesmo tempo, defende uma reorientação das organizações financeiras multilaterais, tornando-as mais disponíveis para assumir maiores riscos.
“É evidente para mim que as organizações multilaterais, o Banco Mundial e os diversos bancos multilaterais, devem ter um papel muito mais activo na mobilização do financiamento privado para finalidades climáticas, mitigação e adaptação", comenta.
António Guterres assegura que os pequenos estados insulares em desenvolvimento são uma prioridade para a ONU.
“Precisamos de justiça para aqueles que, como Cabo Verde, praticamente nada fizeram para provocar esta crise [climática] mas pagam, por causa dela, um preço muito elevado”, apela.
A visita do secretário-geral das Nações Unidas a Cabo Verde ocorre no âmbito da passagem da regata The Ocean Race pelo arquipélago. Ao princípio da noite, participa ao lado de Correia e Silva em mais uma Prime Minister Speaker Series, nas instalações do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAD).
Na segunda-feira, o SG fará a abertura da Ocean Summit, evento integrado no stopover do evento de vela. Durante a sua intervenção, e conforme o seu porta-voz, Farhan Haq, espera-se que aborde a problemática das alterações climáticas e da destruição dos ecossistemas, nomeadamente oceânicos, com enfoque nas consequências enfrentadas pelos pequenos estados insulares em desenvolvimento. Antes, domingo, Guterres estará de visita a Santo Antão.