O orçamento para o biénio 2024-2026 foi desenvolvido especificamente para financiar os militares russos e para mitigar o impacto de 17.500 sanções sobre a Rússia, de acordo com o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin.
De acordo com o plano de gastos - o maior de sempre na Rússia - espera-se um orçamento com a Defesa que ultrapassa os gastos sociais, no próximo ano, pela primeira vez na história moderna do país.
Esta medida surge num momento em que o Kremlin procura reforçar o apoio ao Presidente Vladimir Putin antes das eleições presidenciais de Março.
O baixo nível de desemprego, os salários mais elevados e as despesas sociais deverão ajudar o Kremlin a superar o impacto interno de levar a economia a suportar o esforço de guerra, mas poderão constituir um problema a longo prazo, segundo vários analistas.
"O orçamento procura resolver a guerra na Ucrânia e ficar pronto para um confronto militar com o Ocidente para sempre", comentou Richard Connolly, especialista em forças armadas e economia da Rússia no Royal United Services Institute, em Londres.
O Partido Comunista Russo votou contra o orçamento, criticando o que descreveu como "pensões baixas" e apoio financeiro insuficiente para os idosos.
O orçamento irá agora para o Conselho da Federação -- a câmara alta do Parlamento russo -- para aprovação e, eventualmente, para a presidência, para obter a assinatura de Putin.
"Nestas condições difíceis, conseguimos adotar um orçamento que não só alocará os fundos necessários para a defesa do nosso país, mas também fornecerá todos os fundos necessários para garantir as obrigações sociais do Estado", argumentou o primeiro vice-presidente da Duma, Alexander Zhukov.
O Ministério das Finanças da Rússia anunciou que espera que os gastos atinjam 36,66 biliões de rublos (cerca de 350 mil milhões de euros) em 2024, com um défice orçamental previsto de 0,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia.
Parte do orçamento russo é secreta, uma vez que o Kremlin não revela os seus planos militares, para evitar o escrutínio dos gastos da invasão da Ucrânia.
Os jornalistas empresariais independentes Farida Rustamova e Maksim Tovkaylo revelaram, em mensagens na rede social Telegram, que, em 2024, cerca de 39 por cento de todos os gastos federais vão ficar alocados à Defesa e à aplicação da lei.