​Projecto em Luanda minimiza problema do lixo que também causa o aquecimento global

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,11 dez 2023 14:24

Luísa Gonga Ngola
Luísa Gonga Ngola(Fretson Rocha/Rádio Morabeza)

A produção mundial de lixo deve atingir 3,4 mil milhões de toneladas, por ano, até 2050. E as mudanças climáticas têm uma relação directa com o descarte inapropriado dos resíduos no meio ambiente, por causa dos seus efeitos, como o aquecimento global provocado pelos gases que liberta. A matéria também está em cima da mesa na Cimeira do Clima que decorre termina esta terça-feira nos Emirados Árabes Unidos.

Em todo o mundo, vários projectos têm surgido para dar resposta ao destino incorreto do lixo no meio ambiente e os efeitos, como o aquecimento global, que os gases gerados pelo lixo, como dióxido de carbono, gás metano e óxido nitroso, causam na atmosfera. Na COP28, a Rádio Morabeza foi conhecer o projecto de recolha e valorização de resíduos em Luanda, Angola, fundado em 2020.

A iniciativa, fundada em 2020, contribui para um ambiente mais saudável naquela cidade angolana e já emprega mais de 160 pessoas, a maioria mulheres. A mentora do projecto, Luísa Gonga Ngola, explica que a ideia surgiu depois de cinco anos no desemprego, após concluir a sua licenciatura em Gestão Bancária e Seguros.

“Desesperada, comecei a procurar. Começou a nascer em mim o espírito de empreender. E foi assim que comecei a pesquisar na minha comunidade quais são os problemas da comunidade para depois dar uma solução. E consegui identificar que um dos problemas da nossa comunidade era a queima e o abandono do lixo. Daí transformei este lixo da minha comunidade como a minha fonte de rendimento. Criei o projeto de recolha de lixo porta a porta. Como é que ela funciona? Nós temos contrato com os nossos clientes. Os clientes são orientados a colocarem os seus resíduos em frente ao portão para a posterior recolha pelos operadores da Erlid K. Kamabungo, neste caso, que é da nossa empresa”, explica.

Os resíduos são levados para um estaleiro onde passam por uma separação selectiva, de acordo com as suas características e tipologias. A reciclagem é uma aposta, porque mantém os resíduos fora dos aterros, o que elimina a necessidade de serem incinerados.

“Uma boa parte dos resíduos nós reciclamos, como garrafas-pets, transformamos em flores, os restos de tecido transformamos em panos e uma boa parte levamos até as fábricas e essas mesmas fábricas usam esses resíduos como matéria-prima. E depois da venda dos resíduos e da venda dos produtos reciclados, nós abrimos uma cozinha comunitária com o objetivo de confeccionar alimentos para as pessoas mais vulneráveis da comunidade, com os valores que vêm dos resíduos”, diz.

A acumulação de lixo também traz problemas ambientais para a poluição do ar, do solo e da água, além de atrapalhar o funcionamento dos ecossistemas. Luisa Gonga não tem dúvidas de que o projecto de recolha e valorização de resíduos em Luanda está a ter um impacto positivo no ambiente.

“Como por exemplo, uma boa parte dos moradores tem dito que desde que nós começamos com o projeto na comunidade, os mosquitos reduziram significativamente. Isto quer dizer que estamos a contribuir também para o bem-estar da saúde pública da nossa comunidade. E também gerou mais emprego. Neste momento eu trabalho com 160 pessoas. São 160 postos de trabalhos de direito que o projeto já gerou”, aponta.

Em vários países, grande parte dos resíduos orgânicos (restos de alimentos, por exemplo) acabam no mesmo destino que resíduos recicláveis: em aterros sanitários ou em lixeiras. Como não existe uma separação entre matéria orgânica e inorgânica, a decomposição dos materiais acontece sem oxigênio e gases do efeito estufa são emitidos nesse processo. E é o aumento da emissão desses gases na atmosfera a grande causa para a aceleração do aquecimento global.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,11 dez 2023 14:24

Editado porFretson Rocha  em  2 mai 2024 23:28

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