​Emissões de carbono continuam a aumentar, combustíveis fósseis são os principais responsáveis

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,5 dez 2023 11:31

Durante a COP28, ficamos a saber que as emissões de dióxido de carbono (CO2) continuam a aumentar e a China (4%), é responsável por um terço das emissões globais. Índia (3.1%) e Europa (2.6%) vêm a seguir. Isto num mundo que continua altamente dependente dos combustíveis fósseis, a principal causa das alterações climáticas. A conclusão consta do relatório Global Carbon Budget, divulgado hoje pelo Global Carbon Project (GCP), que reúne 121 cientistas de vários países.

O documento foi apresentado esta terça-feira, 5, numa conferência de imprensa em que a Rádio Morabeza esteve presente, no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 28), que decorre no Dubai.

De acordo com o relatório, as emissões globais ligadas à produção e consumo de combustíveis fósseis serão de 36,8 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (ou 36,8 gigatoneladas - GtCO2) em 2023. As emissões caíram nos Estados Unidos e na Europa.

“Isso representa um aumento de 1,1% em relação a 2022, e esse total ainda é 1,4% maior do que os níveis de 2019. Espera-se que o nível de CO2 alcance, em média, 419,3 ppm [partes por milhão] em 2023, 51% acima dos níveis pré-industriais. Se os níveis actuais de emissões de CO2 continuar, o orçamento restante para limitar o aquecimento a 1,5°C com uma probabilidade de 50% poderia ser excedido em sete anos”, alerta.

Em entrevista à Rádio Morabeza e à Rádio de la Praix, da Costa do Marfim, Julia Pongratz, da Universidade de Munique e co-autora do Global Carbon Budget, alerta para a necessidade de pôr fim ao desmatamento e à degradação das florestas tropicais.

“As emissões fósseis são muito mais maciças, mas as emissões decorrentes das alterações do uso do solo também continuam a ser muito elevadas. Com o desmatamento em todo o mundo, isso equivale a 4,7 mil milhões de toneladas de CO2 emitidas em média a cada ano, nas últimas décadas. Portanto, é muito claro que, em primeiro lugar, precisamos parar o desmatamento e a degradação florestal, que atualmente estão a acontecer muito nos países tropicais dos três continentes, em parte para exportação. E depois, precisamos também de restaurar os ecossistemas, tendo em conta o Acordo de Paris”, alerta.

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Julia Pongratz, da Universidade de Munique e co-autora do Global Carbon Budget

O relatório também cita a floresta do Congo, tida como um dos pulmões do Planeta. A Bacia do Congo abriga a segunda maior floresta tropical do mundo depois da Amazónia. Dois terços da área florestal de 180 milhões de hectares estão situados na República Democrática do Congo, um país do tamanho da Europa Ocidental. A cientista Julia Pongratz, destaca a importância das florestas tropicais na captura do carbono.

“É verdade que nos países tropicais ainda há muito desmatamento a acontecer. Temos aí florestas muito ricas e muitas vezes imaculadas. E quando você desmata essas florestas, é óbvio que grandes emissões ocorrem. O desmatamento é feito para a expansão de terras agrícolas, mas também para a criação de gado, por exemplo. E isso também tem de ser reduzido, tendo em conta os objetivos de Paris. Em parte, a destruição dos ecossistemas na República Democrática do Congo continua a ser para o consumo local, mas em parte, é claro, também para exportação. Portanto, há também diferentes alavancas de como reduzir essas emissões”, diz.

O dióxido de carbono é um dos gases de efeito estufa que mais contribuem para as mudanças climáticas. Todos os anos, as actividades humanas libertam mais CO2 na atmosfera do que os processos naturais podem remover. As florestas, geralmente, ajudam no combate às alterações climáticas, já que absorvem carbono do ambiente.

A Rádio Morabeza está no Dubai a convite da CFI - agence française de développement médias.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,5 dez 2023 11:31

Editado porAndre Amaral  em  27 abr 2024 23:28

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