Novas conversações sobre o cessar-fogo na Faixa de Gaza devem recomeçar já no domingo, 17 de março, depois de os mediadores internacionais tentarem - em vão - uma trégua antes do início do Ramadão.
A notícia foi avançada por autoridades egípcias.
Anteriormente, o Hamas recusou qualquer acordo que não conduzisse a um cessar-fogo permanente em Gaza, no entanto, essa exigência foi rejeitada por Israel.
Contudo, nos últimos dias, ambas as partes tomaram medidas com o objetivo de retomar as conversações, que, na realidade, nunca foram totalmente interrompidas.
Segundo dois funcionários egípcios, citados pela Associated Press (AP), o Hamas apresentou uma nova proposta com um plano de três fases para pôr fim aos combates.
Assim sendo, a primeira fase será um cessar-fogo de seis semanas que incluiria a libertação de 35 reféns - mulheres, doentes e idosos - detidos por militantes do Hamas em Gaza. Por outro lado, Israel deverá libertar 350 prisioneiros palestinianos que se encontrem detidos pelas suas forças.
Para além dos civis, o Hamas também terá de libertar cinco militares israelitas - todas mulheres. Telavive libertará em troca, segundo a mesma fonte, 50 militantes do Hamas, incluindo alguns que cumprem longas penas por acusações de terrorismo.
Segundo este acordo, as forças israelitas tão de retirar-se das duas principais estradas de Gaza, o que permitirá que os palestinianos deslocados regressassem ao norte de Gaza, zona devastada pelos bombardeamentos, e o livre fluxo de ajuda humanitária para a região.
Na segunda fase, os dois lados declarariam um cessar-fogo permanente e o Hamas libertaria os restantes soldados israelitas mantidos como reféns em troca de mais prisioneiros.
Por fim, na terceira e última fase, o Hamas também entregaria os corpos que tem em seu poder em troca do levantamento do bloqueio de Gaza por parte de Israel e do início da reconstrução do enclave.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou a proposta "irrealista", mas concordou em enviar negociadores israelitas ao Qatar para esta ronda de conversações, que devem ser retomadas na tarde de domingo ou segunda-feira.
O governo de Netanyahu tem rejeitado os apelos a um cessar-fogo permanente, insistindo que, antes disso, terá de cumprir o seu objetivo declarado de "aniquilar o Hamas".
De recordar que a guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 31 mil mortos e mais de 73.000 feridos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.
Desde então, outras 420 pessoas terão sido mortas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças de segurança e por ataques de colonos israelitas.
A ONU denunciou que o número de crianças mortas pelos bombardeamentos em Gaza é superior ao número de crianças mortas em todas as guerras dos últimos quatro anos.