O texto, apresentado no Conselho de Segurança pelo Paquistão em nome dos 55 Estados-membros da organização, à exceção da Albânia, condena "a utilização por Israel de armas explosivas de grande alcance" nas zonas povoadas da Faixa de Gaza e apela a Telavive para que "respeite a sua responsabilidade legal de evitar o genocídio".
Se o projecto de resolução for aprovado, será a primeira posição tomada pelo órgão de direitos humanos das Nações Unidas em relação ao conflito em curso entre Israel e o grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza, que está a mergulhar o enclave palestiniano numa grave crise humanitária.
O texto é também apoiado pela Bolívia, Cuba e pela Autoridade Palestiniana e a reunião de sexta-feira será a última da actual sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça).
O documento de oito páginas exige que Israel ponha fim à ocupação dos territórios palestinianos e cesse imediatamente o "bloqueio ilegal" à Faixa de Gaza, bem como qualquer outra forma de "punição colectiva".
O documento apela também ao fim de todas as transferências de armas, munições e outros equipamentos militares e salienta os efeitos das armas explosivas nos hospitais, escolas, abrigos e abastecimento de água e electricidade em Gaza, denunciando "a utilização da privação de civis como método de guerra".
O texto apela igualmente a um cessar-fogo imediato e condena "as ações de Israel que equivalem a uma limpeza étnica", instando todos os países envolvidos a impedir a deslocação forçada de palestinianos na Faixa de Gaza.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU integra 47 países, 18 dos quais apoiaram antecipadamente o projecto de resolução.
São necessários 24 votos para obter a maioria absoluta, mas uma resolução pode ser aprovada com menos votos graças às abstenções.
Há muito que Israel acusa o Conselho de Direitos Humanos da ONU de parcialidade.
A 07 de Outubro de 2023, comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza levaram a cabo um ataque no sul de Israel que causou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da agência francesa AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Segundo Israel, cerca de 250 pessoas foram raptadas nesse mesmo dia e 130 delas continuam reféns em Gaza, havendo informações de que 34 delas terão morrido.
Em represália, Israel estabeleceu como objetivo a destruição do Hamas e lançou uma campanha de intensos bombardeamentos aéreos na Faixa de Gaza, seguida de uma ofensiva terrestre.
Pelo menos 32.975 pessoas, na sua maioria civis, foram mortas nas operações israelitas, segundo os dados mais recentes divulgados hoje pelo Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.
Num comunicado, o Hamas refere que, nas últimas 24 horas, foram registadas mais 59 mortes e sublinha que 75.577 pessoas ficaram feridas em quase seis meses de guerra.