"Pela primeira vez desde 1945, a guerra pode acontecer em solo europeu, à nossa volta", afirmaram os representantes de vários grupos políticos ao canal francês BFMTV após o pequeno-almoço com Bayrou, em que o chefe de Governo referiu que a reunião de segunda-feira do presidente Emmanuel Macron "não dissipou" os receios.
"Estamos num contexto dos anos 30 [do século XX], com icebergues a vir na nossa direção e a reunião de Paris no Palácio do Eliseu não os conseguiu afastar", disse o primeiro-ministro.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou os seus aliados europeus em alerta na semana passada ao falar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, indicando que a Europa e também a Ucrânia seriam apenas espetadores nas negociações para acabar com a guerra de três anos na Ucrânia, que teve início com a invasão russa em 24 de Fevereiro de 2022.
"É terrível ver a fraqueza da União Europeia nesta matéria", acrescentou Bayrou.
A reunião de emergência convocada por iniciativa de Macron reuniu a presidente da Comissão Europeia, o presidente do Conselho Europeu, o secretário-geral da NATO e os chefes de Governo da Alemanha, Reino Unido, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, que instaram os Estados Unidos a manterem-se envolvidos na segurança da Europa e a mostrar unidade.
Antes da reunião, uma porta-voz do Eliseu avançou que Macron falou com o homólogo norte-americano por telefone durante cerca de 20 minutos sobre o fim da guerra na Ucrânia e que concordaram que voltariam a falar em breve.
O plano dos Estados Unidos prevê que a Ucrânia desista de aderir à NATO e aceite a anexação de parte dos territórios ocupados à Rússia.
Kiev tem contado com ajuda financeira em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
Segundo um porta-voz do Kremlin (presidência russa), a Rússia reconhece o direito da Ucrânia de aderir à União Europeia (UE), mas não à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa), defendendo numa conferência de imprensa que "se trata de questões de segurança e alianças militares".