A Casa Branca confirmou que os Estados Unidos e a Ucrânia suspenderam as negociações em torno do acordo que previa que Washington continuaria a fornecer ajuda a Kiev em troca de acesso às "terras raras" do país.
O cancelamento surge na sequência de uma reunião extremamente tensa entre os dois líderes.
Trump recebeu hoje Zelensky na Casa Branca para assinarem um acordo para a exploração conjunta de minerais ucranianos, tal como exigido pelo Presidente norte-americano como compensação pela ajuda militar e financeira prestada nos últimos três anos, desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
A Ucrânia tem no seu solo minerais essenciais que os Estados Unidos cobiçam. Segundo o Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC), o país possui aproximadamente 5% de todas as “matérias-primas críticas” do mundo, estimando o Gabinete Francês de Investigação Geológica e Mineira que a Ucrânia possua designadamente “20% dos recursos mundiais estimados” de grafite, além de ser “um dos principais países da Europa em termos de potencial” para a extração de lítio.
Contudo, após 30 minutos de declarações à imprensa no Salão Oval da Casa Branca, a conversa ficou extremamente tensa, quando o Presidente norte-americano disse que Zelensky não estava em posição de ditar condições relacionadas à guerra.
Donald Trump e o seu vice-Presidente, JD Vance, acusaram o líder ucraniano de ser "desrespeitoso", enquanto Volodymyr Zelensky pedia compromissos de segurança de Washington.
“Senhor Presidente, com todo o respeito, acho desrespeitoso da sua parte vir ao Salão Oval para tentar litigar isso na frente da imprensa americana", começou JD Vance, dirigindo-se a Zelensky.
O líder ucraninao tentou responder, o que levou Trump a levantar a voz e a dizer que seria "muito difícil" negociar com Zelensky.
Afirmou ainda que o líder ucraniano deveria ser "grato" após ter-se colocado "numa posição muito má" e assegurou que não tinha "as cartas na mão".
Depois da reunião sem precedentes, a Casa Branca indicou que a prevista conferência de imprensa conjunta entre os dois líderes estava agora cancelada.
Zelensky deixou a Casa Branca prematuramente após o confronto com Trump, tendo também sido cancelado o almoço entre as duas delegações.
Na sequência, Donald Trump anunciou nas redes sociais que não continuará as negociações com o seu homólogo ucraniano após esta tensa conversa na Casa Branca e disse que Volodymyr Zelensky poderá regressar a Washington quando "estiver pronto para a paz".
"Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. [...] É incrível o que sai através da emoção, e eu determinei que o Presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que o nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações", escreveu Trump na rede social Truth Social.
"Eu não quero vantagem, eu quero paz. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América no seu querido Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", concluiu.
As relações entre Washington e Kiev já estavam num momento particularmente tenso depois de Trump ter surpreendido a Europa e a Ucrânia ao anunciar, em 12 de fevereiro, que havia falado por telefone com Vladimir Putin e chegado a um acordo com Moscovo para iniciar "negociações imediatas" com o objetivo de encerrar a guerra.